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Safra 2025/26: Atraso recorde no plantio de soja em Mato Grosso gera alerta para produtividade e comercialização

Por Assistec Agrícola

A safra 2025/26 da soja em Mato Grosso está sendo marcada por um dos piores começos dos últimos anos. A irregularidade das chuvas atrasou a semeadura em até 60 dias em regiões tradicionais como Canarana e Diamantino, elevando a apreensão dos produtores quanto ao potencial produtivo das lavouras.

Em muitas propriedades, áreas que normalmente estariam concluídas no fim de outubro ainda aguardam umidade adequada para entrar na terra. Em outras, o plantio avançou, mas fora da janela ideal, o que já liga o sinal de alerta para produtividade, qualidade de estande e planejamento da segunda safra.

Impactos do plantio fora da janela ideal

Plantar soja fora da janela recomendada tende a comprometer a formação de plantas vigorosas, reduzir o teto produtivo da área e aumentar o risco de falhas no estande. Para o produtor que trabalha com arrendamento, por exemplo, os custos por hectare seguem praticamente os mesmos, mas a margem de lucro pode ficar bem mais apertada.

O atraso também repercute diretamente no milho segunda safra. Com a soja entrando mais tarde, o milho corre risco de ser implantado fora da janela ideal em várias regiões, elevando a exposição a veranicos, geadas tardias e pressão de pragas e doenças. O resultado pode ser uma combinação perigosa de produtividade menor, custo alto por saca produzida e fluxo de caixa pressionado ao longo do ano agrícola.

Mercado travado e vendas no pior nível em cinco anos

O cenário climático desafiador se soma a preços historicamente pressionados e custos elevados de produção. Diante dessa combinação, muitos produtores de Mato Grosso adotaram uma postura mais cautelosa na comercialização da safra 2025/26.

Enquanto na safra passada a comercialização passou de 97% do volume produzido, os dados mais recentes indicam que a safra atual registra pouco mais de 36% da produção comprometida, o pior nível dos últimos cinco anos. Em outras palavras, o produtor está evitando “travar” a soja antes de ter clareza sobre produtividade e sobre eventuais reações de preço mais à frente.

Essa cautela é compreensível: com custo alto por hectare, cada saca precisa ser bem aproveitada para fechar as contas. Ao mesmo tempo, adiar demais as decisões de venda também pode ser arriscado, principalmente em um ambiente de oferta global robusta e margens apertadas.

O que o produtor precisa observar agora

Diante desse cenário atípico, algumas medidas práticas podem ajudar o produtor e os gestores de fazenda a atravessar a safra com mais segurança:

  • Revisar o planejamento das lavouras: avaliar talhão a talhão se há necessidade de replantio, se vale a pena manter áreas com estande muito falhado ou se é estratégico ajustar densidade, população de plantas e manejo em função da nova realidade.
  • Monitorar clima e solo de perto: acompanhar mapas de chuva, temperatura e umidade do solo para priorizar áreas mais responsivas e programar operações de forma a reduzir riscos de replantio e estresse hídrico.
  • Planejar a segunda safra com cautela: com a soja entrando fora de época em muitas regiões, revisar o planejamento de milho, algodão ou outras culturas de segunda safra é essencial, considerando ciclos mais curtos, potencial produtivo e risco climático.