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Cinco estratégias para otimizar a adubação potássica do eucalipto

Você sabia que adubação potássica pode aumentar em até 200% a produtividade do eucalipto? Mas, para alcançar esse resultado, é preciso investir em estratégias eficientes de adubação potássica para evitar a degradação da fertilidade do solo.  

O potássio é um nutriente chave para a cultura do eucalipto

A nutrição florestal está entre as três principais práticas capazes de potencializar a produtividade na cultura do eucalipto. Contudo, o potássio vem se mostrando como um dos nutrientes que mais tem limitado a produtividade do eucalipto no Brasil.

Os levantamentos nutricionais realizados no Estado de São Paulo, citados no Encarte técnico: Nutrição e adubação potássica em eucalyptus, mostram que todas as florestas avaliadas apresentaram deficiência de potássio.

Para evitar esse cenário, entenda quais as principais estratégias que podem ser usadas para otimizar a adubação potássica na cultura do eucalipto:  

  1. Concentrar a fertilização potássica no plantio

Embora a adubação de cobertura em florestas de eucalipto até o 18º mês após o plantio seja usual, a Embrapa ressalta que os resultados de pesquisas sobre adubação ainda são controversos quanto à resposta do plantio e quanto à dose a ser aplicada.

Em um ensaio conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, em Porto Velho, Henrique Nery Cipriani e outros pesquisadores observaram que, aos 14 meses de idade, não foi observada resposta à adubação de cobertura com potássio.

Alguns pesquisadores ainda demonstraram que um menor parcelamento das adubações potássicas, pode gerar ganhos operacionais sem comprometer a produtividade, desde que respeitadas as características particulares de cada fertilizante.

Considerando esses dois aspectos, a aplicação de fertilizantes potássicos no solo se torna uma das opções mais assertivas. Mas, como conciliar a alta exigência de potássio pela cultura do eucalipto com o seu longo ciclo produtivo?

Parte dessa resposta pode estar associada ao uso de fertilizantes de liberação progressiva. Como o próprio nome sugere, esse tipo de fertilizante possui uma taxa gradual de disponibilização dos nutrientes.

Além disso, as fontes de liberação progressiva estão menos sujeitas à lixiviação, que acontece quando os nutrientes se perdem para as camadas mais profundas do solo. Isso faz com que o aproveitamento dos nutrientes que são aplicados seja mais eficiente.

  1. Investir em fertilizantes com um prolongado efeito residual

Outro fator com grande impacto na quantidade de potássio aplicada é o efeito residual dos fertilizantes. O efeito residual se caracteriza pela liberação gradual dos nutrientes para o solo e prolongação de todos os benefícios que o fertilizante possa proporcionar a longo prazo.

O investimento em pesquisas para encontrar fontes de nutrição com esse efeito residual surgiu com o objetivo de disponibilizar e ajustar os nutrientes às necessidades das plantas e ainda reduzir as perdas no sistema solo-planta-atmosfera.

Existem dois tipos principais de fertilizantes com efeito residual dos nutrientes, sendo eles classificados como liberação lenta ou controlada. O que difere esses dois grupos é a taxa de liberação da quantidade do nutriente pelo tempo.

Quando essa taxa é conhecida, o fertilizante é denominado de liberação controlada e quando é desconhecida, eles são denominados de liberação lenta.

Na dissertação de mestrado Adubação e residual de doses de nitrogênio, fósforo e potássio no eucalipto em sistema de talhadia no Cerrado, Natasha Mirella Inhã Godoi observou que o residual de doses de potássio (K2O) influenciou positivamente:

  • Biomassa: folhas, lenho e total;
  • Altura das plantas;
  • Volume de madeira.

A autora também verificou que o efeito residual das doses de potássio também influenciou positivamente o teor de cálcio no solo, aumentou o teor de potássio no folhedo e de manganês e zinco nas folhas.

Além disso, mesmo em condições que demandem a aplicação de potássio em cobertura, os fertilizantes com efeito residual de nutrientes têm demonstrado mais vantagens do que os fertilizantes convencionais.

Já no artigo Mortalidade, crescimento e solução do solo em eucalipto com aplicação de fertilizante de liberação lenta, Paulo H. M. Silva e os demais pesquisadores observaram que a aplicação do fertilizante de liberação lenta aos três meses possibilita a redução do número de aplicações de cobertura, sem diminuir a produtividade e sem o risco de lixiviação dos nutrientes.

  1. Manter os restos culturais na lavoura

O eucalipto, assim como outras culturas, é uma planta que acumula potássio em diferentes partes da planta. No capítulo Nutrição e Adubação Potássica em Eucalyptus do livro Potássio na Agricultura Brasileira, os autores Ronaldo L. V. A. Silveira, José L. Gava e Eurípedes Malavolta apontaram alguns valores médios do conteúdo de potássio:

  • Folhas: 23%;
  • Ramos: 12%;
  • Casca: 20%;
  • Madeira: 45%.

Ou seja, mais de 50% do potássio acumulado na estrutura vegetal do eucalipto pode ficar retido na lavoura, se todos os restos culturais oriundos do corte e processamento iniciais forem mantidos no campo. Com isso, menor será a taxa de exportação de potássio dos talhões e, consequentemente, maior pode ser a economia com adubação potássica.

No capítulo do livro Potássio na Agricultura Brasileira, os autores destacam que somente o descascamento no campo pode diminuir a quantidade de potássio aplicada na próxima rotação em 40 a 80 kg de potássio (K2O.ha-1), dependendo da produtividade desejada.

Mas, é importante ressaltar que a absorção do potássio contido nos restos culturais é dependente da eficiência do processo de decomposição e mineralização da matéria orgânica realizada pelos microrganismos, como explica a Doutora em Microbiologia Aplicada e professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Dra. Márcia Maria Rosa Magri:

Dessa forma, é preciso também buscar por práticas de conservação dos microrganismos do solo, visando uma melhor eficiência da ciclagem de nutrientes e economias com a adubação potássica. Entre elas, destaca-se o uso de fertilizantes potássicos com baixo índice salino e teor de cloro, que podem reduzir as populações desses microrganismos benéficos.

  1. Melhorar a qualidade do solo

A qualidade do solo é outro fator que pode limitar muito a adubação potássica, uma vez que as interações entre os componentes físicos, químicos e biológicos do solo tem uma influência direta no desempenho do potássio na cultura.

No artigo Determinação da demanda nutricional de genótipos de Eucalyptus da Bahia Sul Celulose, Araújo et al. (2001) verificaram uma correlação direta entre o acúmulo de potássio nos clones de eucalipto, o tipo de solo e a produtividade.

Aos 7 anos após o plantio, os clones de eucalipto localizados nos argissolos amarelos de textura arenosa/argilosa e média/alta fertilidade alcançaram mais que o dobro da produtividade daquela verificada nos espodossolos de baixa fertilidade, atingindo uma média de 49 m³.ha-1.ano-1.

Dentre os diferentes parâmetros que podem ser melhorados visando otimização da adubação potássica, destaca-se a capacidade de troca catiônica (CTC) do solo.  A CTC é uma das formas de mensurar a capacidade de disponibilização e retenção de nutrientes do solo.

Essa retenção é importante, pois é através dela que a maior parte dos nutrientes são disponibilizados para a absorção das plantas. No caso do potássio, garantir uma boa CTC do solo é ainda mais relevante, pois grande parte das fontes convencionais de adubação são altamente solúveis e são muito suscetíveis ao fenômeno da lixiviação.

A CTC pode ser melhorada com práticas de manejo que visem:

  • Manutenção e incorporação de matéria orgânica;
  • Neutralização do alumínio do solo.
  1. Utilizar práticas de correção do solo

Por fim, não podemos falar da adubação potássica, sem mencionar a importância das práticas de correção do solo, como a calagem e a gessagem. Elas, além de ajustar o pH do solo para a faixa mais adequada para disponibilização do potássio, são capazes de reduzir a presença de elementos tóxicos que podem inibir o processo de absorção de nutrientes, como o alumínio.

No estudo Crescimento de mudas de eucalipto e atributos químicos de um cambissolo em resposta a doses de calcário e gesso, Camila Adaime Gabriel observou que a aplicação de calcário aumentou a acumulação de potássio e outros nutrientes no caule/ramos de mudas clonais de Eucalyptus benthamii e Eucalyptus dunnii, enquanto a aplicação de gesso diminui a saturação por alumínio.

A utilização de estratégias para otimizar a adubação potássica permite a mitigação de diversos fatores limitantes no campo e ainda permite a exploração do máximo potencial da eucaliptocultura brasileira.

 

Para alcançar os melhores resultados, o agricultor deve estar constantemente atento as novas tecnologias de nutrição vegetal e promover o uso sustentável do solo, com o uso das melhores práticas e insumos disponíveis no mercado.

Fonte: verde.ag

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