Genética com tolerância a herbicidas, que proporciona uma nova ferramenta para controle de plantas invasoras, já está presente em lavouras no Sul do país.
O surgimento de novas tecnologias favorece a sustentabilidade ambiental da produção agrícola, em especial a orizícola. Por exemplo, novas cultivares melhoradas, desenvolvidas após anos de pesquisa, ajudam o produtor a produzir mais, preservando os recursos naturais.
A colheita de arroz da safra 2020/2021 começou, há poucos dias, e conforme os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção estimada deve ficar próxima da média dos últimos anos, apesar do volume de chuva não ter sido o suficiente em algumas regiões. Esse cenário, segundo especialistas do setor, reflete o excelente trabalho desenvolvido pelos produtores e o avanço das tecnologias utilizadas nas lavouras.
Produtores de arroz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina acompanham, com atenção, o final do ciclo em lavouras pré-comerciais que, pela primeira vez, estão avaliados em áreas experimentais sementes com a tecnologia Max-Ace, desenvolvida pela multinacional RiceTec, que possui Centros de Pesquisa em Santa Maria e Capão de Leão sendo referência mundial em desenvolvimento e comercialização de sementes híbridas de arroz.
O produtor rural José Vilmar resume como “fantástico” o resultado na área onde realizou os testes, em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte gaúcho. “Eu plantei em uma área pequena, mas muito problemática de arroz vermelho. Hoje se tu vais lá e olha, ele está limpo, sem vermelho, forte, bonito”, comemora. E compara com o talhão ao lado, onde não foi usada a nova tecnologia. “O outro tem quantidade muito grande de vermelho, isso vai atrapalhar bastante a produtividade. A diferença ali é da noite para o dia”. Segundo Vilmar, a expectativa de colheita é para a segunda quinzena de março.
O engenheiro agrônomo e coordenador de negócios no Brasil da RiceTec Sementes, Marlon Scursone, destaca a importância de a nova tecnologia desenvolvida atender uma necessidade do produtor. “Os resultados atingidos, até agora são excelentes e devem revolucionar o mercado orizícola no Brasil. Esse produto foi desenvolvido para atender às necessidades do produtor, desde o controle de plantas daninhas até o resultado na produtividade, exigências crescentes nesse mercado”, afirma.
As sementes com tecnologia Max-Ace serão introduzidas comercialmente, para uso em lavouras comerciais, a partir da próxima safra, em 2021/2022, mas já pode ser conferida pelos produtores nas vitrines tecnológicas da 31ª Abertura da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, que este ano acontece de 9 a 11 de fevereiro em na Embrapa Capão do Leão (RS).
Genética tolerante aos herbicidas inibidores de ACCase
O Max-Ace conta com uma genética tolerante aos herbicidas inibidores de ACCase, obtida mediante mutações, atuando no controle das principais gramíneas na cultura orizícola, como o arroz vermelho e o capim arroz, incluindo os genótipos resistentes a outros grupos químicos, plantas essas consideradas um entrave ao rendimento da cultura e que podem levar à redução da qualidade do produto final. Com a nova tecnologia, o produtor passa a ter também, mais uma possibilidade de rotação de grupo químico de herbicidas, alto potencial produtivo e maior tolerância a doenças como a brusone do arroz.
Scursone detalha alguns pontos dessa nova tecnologia. “Já nesta safra implantamos algumas áreas pré-comerciais nas principais regiões orizícolas, e os resultados de controle e tolerância são muito bons, estamos muito contentes com o que estamos presenciando no campo, e temos certeza de que essa tecnologia vai ajudar muito o produtor a buscar a sua rentabilidade, aliado à sustentabilidade.”
O orizicultor José Vilmar garante que vai utilizar as sementes com a nova tecnologia em uma escala maior. “Sem dúvida, estamos contando com essa novidade para breve e vamos usar em uma área considerável da lavoura. O funcionamento é muito bom e a gente acredita muito nele”.
Pesquisa
A RiceTec é líder em híbridos de sementes de arroz na América do Sul e investe permanentemente em pesquisa, tendo como foco o desenvolvimento de tecnologias e o lançamento de novos produtos. Fundada há 30 anos no Texas, Estados Unidos, está presente também em dezenas de países da América Latina, Europa e Ásia. O investimento mundial em pesquisa no último ano foi de aproximadamente U$ 23 milhões.
No Brasil, atua há mais de duas décadas. O Diretor de Pesquisa e Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, Edgar Alonso Torres Toro, destaca que são muitos anos dedicados à busca de cultivares que atendam às demandas do campo e do mercado, identificando as necessidades também da indústria arrozeira. “Além de desenvolver a genética, trazer novos traits (características genéticas) para a cultura do arroz é um desafio que exige conhecimento, tempo e investimento”, garante o especialista. Responsável pela Estação Experimental da RiceTec em Santa Maria, Edgar Torres, afirma: “A empresa tem mais de 6 anos na validação e desenvolvimento de tecnologia em condições locais, e nesta safra 2020/21 temos áreas demonstrativas experimentais em alguns produtores, que já estão percebendo os benefícios da nova tecnologia”.
Crédito: Fagner Almeida
Fonte: AgroUrbano