*Por Valter Casarin
Com muita sabedoria o cientista Amit Roy escreveu a seguinte frase: para alimentar nosso povo é preciso, primeiro, alimentar nosso solo. Quando avaliamos os solos agrícolas brasileiros verificamos que a maioria dos solos são altamente ácidos e de baixa fertilidade. Isso significa que há necessidade de corrigir a acidez com o uso de calcário e a fertilidade com o uso de fertilizante. Essa é a premissa básica para que os solos agricultáveis do Brasil possam produzir alimento para o nosso povo.
Engana-se quem pensa que um solo fértil é um solo produtivo. Além do aspecto químico do solo, ou seja, a presença de nutrientes, o solo deve possuir boas características físicas e biológicas. Isso significa que a saúde do solo é um fator fundamental para sustentar a vida e a produção agrícola de forma equilibrada e com respeito ao ambiente. O solo saudável é aquele que apresenta as boas características físicas, químicas e biológicas, permitindo o desenvolvimento saudável das plantas, bem como a preservação da biodiversidade do ecossistema.
O primeiro segredo vital para a nutrição do solo é a sua correta conservação. O manejo da conservação visa obter a estabilidade de seus agregados, a ausência de compactação e o perfeito fluxo de água no solo. O solo deve ser um reservatório de água, pois ela é o transportador dos nutrientes do solo em direção às plantas.
O segundo segredo está relacionado ao aspecto químico do solo, onde a presença dos nutrientes essenciais deve estar em formas assimiláveis pelas plantas. Além desse fator, o pH do solo deve estar em torno de 6,0 a 6,5, faixa em que a maioria dos nutrientes estão em formas disponíveis às plantas. A ausência de elementos tóxicos é de grande importância para o desenvolvimento de plantas, como é o caso do alumínio.
O terceiro segredo está relacionado ao aspecto biológico do solo, onde a presença de microrganismos (fungos e bactérias), bem como alguns organismos como a minhoca, tem função fundamental na reciclagem e solubilização dos nutrientes de plantas. O sistema de produção chamado Plantio Direto favorece o desenvolvimento destes importantes organismos no solo.
Quando pensamos na planta, visando uma perfeita nutrição, o primeiro ponto a ser lembrado é o sistema radicular. A raiz, chamada de “boca” da planta, é o primeiro segredo da boa nutrição da planta. Essa é a estrutura pela qual a planta absorve a água e os nutrientes do solo. Assim, quanto maior o volume de raiz, maior será a capacidade da planta de explorar o potencial de água e nutrientes oferecidos pelo solo.
O segundo segredo da nutrição de uma planta é a arquitetura da parte aérea. Isso significa que a quantidade de folhas e a habilidade em captar a luz solar irá determinar o potencial de realizar a fotossíntese. A fotossíntese é o processo pelo qual a planta transforma a luz solar em energia química (açúcar). Essa energia é a fonte para a planta produzir o nosso alimento.
O terceiro segredo da nutrição da planta é o fornecimento de nutrientes em quantidades suficientes para que a planta possa expressar o seu poder produtivo. A presença dos nutrientes no solo é fundamental para a planta. Os solos brasileiros são naturalmente de baixa fertilidade, o que resulta na necessidade do uso de fertilizantes para atender a demanda nutricional das plantas. O fertilizante é a forma mais rápida e barata de oferecer os nutrientes necessários para o crescimento, o desenvolvimento e a produção da planta.
É importante entender que os solos não criam nutrientes, mas possuem quantidades definidas e armazenam parcialmente o que é adicionado. Em uma agricultura sustentável, os nutrientes removidos e exportados pelas colheitas das culturas agrícolas, devem ser repostos. Essa reposição só é possível ser feita pelo uso dos fertilizantes.
*Valter Casarin é coordenador geral e científico da NPV e foi palestrante no Congresso Nacional de Mulheres 2023 sobre o tema do artigo acima.
Fonte: Rafaela Ferreira Dias