Os agronegócios brasileiros são diversificado por natureza. Em sua grande maioria, apresentam algum vínculo ou mistura, com os negócios da família. A estrutura organizacional do negócio se mistura com a estrutura patriarcal (ou matriarcal) da família. A diversificação presente neste modelo retrata que, por natureza, haverá competição de recursos entre pessoa física (família) e a pessoa rural (agronegócio). A falta de policiamento entre a demanda familiar e do negócio pode acarretar em perdas financeiras e comprometimento do patrimônio familiar. Entenda agora, o quanto suas decisões diárias podem comprometer a sua gestão financeira pessoal/rural.
Agronegócio Familiar
Quando falamos sobre a gestão de um negócio familiar, facilmente é destacado costumes e estratégias voltadas às experiências obtidas pela vivência dos antigos gestores. Seja de caráter positivo ou negativo, estas experiências são arquivadas de forma a caracterizar uma gestão de base empírica: “Faço isso da mesma forma que meu pai sempre fez, pois dá certo”.
A base empírica ainda está presente, e se faz importante enquanto a biologia não se torna uma ciência exata. Mas é justamente ela que, muitas vezes, pode se voltar contra as estratégias de sucesso do agronegócio
Quais cuidados devo ter com o negócio familiar?
A estruturação de uma propriedade familiar apresenta particularidades que não devem ser ignoradas e merecem alguns pontos de atenção no âmbito da gestão. Compreendem, principalmente, as relações familiares que podem estar associadas à informalidade em processos de gestão e de tomada de decisão. Quando isso ocorre, figuram dificuldades no estabelecimento de direitos e responsabilidades de executivos, dos acionistas e dos funcionários e acarretam em decisões pouco, ou quase nada, embasadas em análises e dados relevantes à realidade de cada agronegócio.
A falta de organização na estruturação da empresa agrava outro fator que é digno de ser considerado, a garantia da segregação das finanças, como um todo – não só de dinheiro. Separar o que idealmente é advindo da produção do seu negócio (pessoa jurídica) e o que se remete à família (pessoa física). A falta deste discernimento nos leva a um dos principais gargalos da baixa rentabilidade de uma produção familiar.
O meu negócio é rentável?
Um ambiente mal gerenciado fica sujeito a análises financeiras incompatíveis à realidade do negócio e um dos exemplos, é o alerta de baixa rentabilidade. Obviamente a baixa rentabilidade pode estar atrelada a desempenhos técnicos produtivos insatisfatórios, mas também, pode ser sintoma de falhas na gestão.
Há diversos aspectos que podem acarretar o diagnóstico irreal do seu negócio, via de regra, relacionados a falhas na gestão financeira:
1. Falha no diagnóstico de eficiência operacional
Um exemplo é a divisão de ativos que são utilizados no ambiente familiar e empresarial. No caso da discriminação de um carro que é utilizado a campo e a passeio, será necessário mensurar as horas utilizadas nos dois ambientes assim como a quilometragem rodada. A mesma lógica será válida para outros recursos como o combustível, sede entre outros que são utilizados em ambos ambientes. Caso queira saber mais sobre a apuração de custos de produção, clique aqui.
2. Retirada de dinheiro e transações inconsequentes
A retirada de recursos de uma unidade operacional para outra ou até mesmo para as contas familiares pode levar a maus lençóis. A falta de planejamento pode acarretar em ações pouco estratégicas, podendo comprometer o sucesso do seu negócio de curto a longo prazo.
3. Erros na conciliação bancária
A conciliação bancária é uma das atividades que são realizadas no setor de contabilidade de uma empresa. Assegurar as finanças por meio da comparação entre o extrato bancário com os apontamentos internos financeiros é uma tarefa árdua e sujeita a erros. Uma das estratégias para garantir a veracidade da conciliação, seria o uso de uma ferramenta eficaz que permite verificar pontos críticos e revisar os lançamentos.
4. Despesas excessivas: luxo familiar
Outra situação comumente vista é o uso indiscriminado do capital do agronegócio para fins pessoais. Evidentemente a porção de receita obtida pelo agronegócio destinada à família irá variar de acordo com a consciência dos proprietários e acionistas. Todavia, alguns pontos devem ser bem claros ao estabelecer essa divisão. Os envolvidos deverão evitar tomar decisões afoitas e garantir o planejamento de suas finanças.
Um exemplo de insucesso é o próprio caso da Budweiser, comprada pela Ambev após falhas no gerenciamento financeiro dentre elas, agrados a mais de 200 membros familiares com viagens turísticas custeadas pela empresa. Cabe ressaltar que o cerne da questão é o aporte de capital do agronegócio de forma desestruturada. A luxuosidade é advinda de uma demanda subjetiva e, se bem planejada, não afeta a saúde financeira do seu negócio.
5. Separação de despesas
Para não incorrer a erros, saber diferenciar as despesas entre efetuadas ou planejadas merece um ponto de atenção. Entender como realiza a distribuição destas despesas é fundamental para a geração de análises financeiras compatíveis à realidade. Outro ponto indispensável é a garantia da discriminação de todas as movimentações financeiras, por meio desta será possível assegurar o histórico de movimentações financeiras.
Seja em conta conjunta ou separada (agronegócio x família), o importante é a visibilidade dos números. Esta visualização se dará através do controle das transações discriminando aquelas que competem à pessoa física daquelas do agronegócio.
Tomada de decisão estratégica
A correta separação das despesas permitirá um diagnóstico mais preciso da saúde financeira familiar como também, permitirá uma lente mais nítida para uma tomada de decisão mais estratégica. Devido à natureza diversificada do agronegócio familiar, o conflito de interesses e ideias serão pautas recorrentes para discussão. A competição de recursos vista nesse modelo de negócio nos levará sempre ao dilema de como e onde alocar os recursos: finanças pessoais x finanças da atividade.
POR PERFARM