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PLATAFORMAS DIGITAIS NA AGRICULTURA

Plataformas digitais na agricultura, estratégicas e indispensáveis, são ferramentas avançadas na gestão dos estabelecimentos rurais que somam 5,073 milhões no Brasil, sendo 607.488 em Minas Gerais, numa área total de 351,28 milhões de hectares, com culturas e criações (IBGE). Os cenários da agro economia são abrangentes, complexos e diversos nesse país continental.

Por relevante, a França, enquanto País, tem um território de 64,38 milhões de hectares, portanto, 5,45 vezes menor que a área total ocupada pelos estabelecimentos rurais brasileiros ou ainda 13.22 vezes menor que o Brasil. Apenas uma comparação geográfica e didática, e não uma análise econômica exemplar!

Numa perspectiva mais abrangente, são centenas de variáveis que afetam e determinam o desempenho da agricultura, e fora os caprichos climáticos que poderiam causar vultuosos prejuízos no campo. Em Minas Gerais, o Censo Agropecuário de 2017 registra que os níveis de escolaridade dos produtores estão assim distribuídos; 10,56% nunca frequentaram a escola; 16,12% têm o ensino médio ou menos; 64,22% possuem o ensino fundamental ou menos; e 8,54% o ensino superior ou mais. A escolaridade afeta a adoção de inovações, mas não a impede!

E mais, apesar dos avanços havidos e por haver nas tecnologias de informação, continua sendo preciso “exorcizar”, no que couber, os eventuais poderes mágicos conferidos às inovações tecnológicas; e sempre avaliar que o empreendedor rural é o principal agente das mudanças propostas em seus domínios nas artes de plantar, criar, vender, comprar e exportar!

Inovar exige lucratividade, novos conhecimentos, boas práticas, capacitação para saber lidar com as novas tecnologias, e outras habilidades humanas, e não apenas acessos aos dados virtuais, que são condicionantes essenciais para planejar e avaliar!

Noutros cenários convergentes, igualmente estratégicos, avançar na assistência técnica, extensão rural, integração com a pesquisa e desenvolvimento, decifrando-se os mercados. Mas nem tudo o que circula nas redes sociais ajuda na tomada de decisão nas paisagens rurais do Brasil, e repetindo-se; “a tecnologia é coisa muito séria,” segundo pesquisador Eliseu Alves, da Embrapa!

Assim posto, a troca de saberes se configura para muito além do cenário acadêmico, embora essencial e fonte de inovações, e principalmente articulando-o com os agricultores familiares e médios produtores, com suas singularidades socioeconômicas.

Embora a ciência deva servir à sociedade, sem exclusões, pode-se aceitar que os grandes empresários acessam um considerável mundo de pesquisas, dados e informações turbinados pela magnitude econômica de seus investimentos e exigidos em seus negócios agrícolas, pecuários e florestais.

Contudo, deve-se lembrar que a pesquisa de Alves, Souza e Marra (Embrapa), e com base no Censo Agropecuário de 2006, quando o salário mínimo era de R$ 300,00/mês, à época, que apenas 27.306 estabelecimentos rurais (0,62% de 4,4 milhões de estabelecimentos recenseados), e tendo uma classe de renda superior a 200 salários mínimos mensais responderam por 51,19% da renda bruta em 2006; renda rural concentrada? Será uma tendência irreversível neste viger do século XXI?

Segundo o Censo Agropecuário de 2017, 79,3% dos 5,073 milhões de estabelecimentos agropecuários (4,022 milhões) não receberam orientação técnica em relação a uma minoria de 20,2%, com predomínio das regiões Sudeste e Sul. Os produtores que são proprietários das terras subiram de 76% em 2006 para 81% em 2017, o que é um dado relevante. Vale registrar e ressaltar ainda que do total de 5,073 milhões estabelecimentos agropecuários existentes no País, 77% foram classificados como de agricultura familiar, sendo responsáveis por 23% do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária, e ocupando uma área total de 80,89 milhões de hectares em 2017.

E mais, em 2017 a agricultura familiar ocupava 10,1 milhões de pessoas, das quais 1,82 milhão em Minas Gerais, ou 67% do total de trabalhadores nos estabelecimentos agropecuários do Brasil (IBGE). Pesquisa da Embrapa também revela que a agricultura familiar está fortemente vinculada às imperfeições históricas de mercado, que precisam ser reduzidas, e fortalecendo-se também o cooperativismo e associativismo no campo; somar esforços!

Contudo, já existem bons e concretos exemplos de agricultores familiares no Sul do País, em Minas Gerais, e noutras regiões, inclusive inserindo-os também nos “nichos de mercados” e sintonizados com as exigências dos consumidores em níveis regionais, estadual, nacional, e até no comércio externo!

Os cafés, azeites, vinhos e queijos artesanais mineiros ganham também espaços nos mercados interno e externo, e passando por severas provas de qualidade, certificações de origem, e logrando esses produtos reconhecimento internacional de ponta.

Assim posto, as plataformas digitais na agricultura, estratégicas, serão aperfeiçoadas numa perspectiva de tempo; sirvam para orientar os formuladores de políticas públicas; estimulem o crédito rural assistido; demandem mais pesquisas; e qualifiquem os agentes de mudanças que contribuem à tomada de decisão nos cenários rurais. Os sistemas agroalimentares e agroflorestais, desde 1970 têm sido uma âncora verde fundamentada na adoção de tecnologias; abastecendo o mercado por vias internas; assegurando ganhos sequenciais nas exportações do agro brasileiro, que de janeiro a novembro de 2019 acumulou mais um superávit histórico de US$ 76,7 bilhões (Agrostat).

por Engenheiro agrônomo Benjamin Salles Duarte.

http://www.fupef.ufpr.br/

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