O uso dessa biotecnologia nas lavouras e nos solos vem crescendo e os resultados são consistentes em economia e sustentabilidade
Com o agravamento da crise dos insumos agrícolas, que já afeta a safra 2022/23, os produtores brasileiros têm buscado alternativas para não comprometer a colheita. Para atender a esta demanda, soluções inovadoras e sustentáveis ganham cada vez mais espaço. Ferramentas baseadas em microrganismos para estimular o desenvolvimento das plantas se mostram como grande alternativa para as limitações do setor agrícola atual e futuro. Isso porque, eles atuam na ativação da microbiota do solo, na estimulação do crescimento das plantas, na produtividade e potencializam o uso de fertilizantes.
Rafael Vasconcellos, Diretor de Agronegócios da Itatijuca Biotech, empresa especializada em microrganismos otimizadores de processos, explica que esses microrganismos podem substituir ou melhorar a eficiência dos fertilizantes nitrogenados tradicionais, uma vez que a partir da fixação biológica de nitrogênio podem nutrir as plantas e, com isso, reduzir custos e impactos ambientais. Soma-se a isso a possibilidade de melhorar a absorção de nutrientes ao promover o crescimento radicular e de outros compostos que intensificam a disponibilização de nutrientes.
Segundo ele, os microrganismos que interagem com as plantas podem estimular o desenvolvimento delas por meio de mecanismos diretos (produzindo hormônios e estimulando o crescimento vegetal) e indiretos (produzindo ácidos, enzimas e quelantes que auxiliam na disponibilidade de nutrientes presentes no solo). “Desta forma, é possível melhorar o uso de fertilizantes ao aumentar a área ocupada pelas raízes. Assim são disponibilizados nutrientes tanto dos fertilizantes quanto daqueles provenientes no solo”, afirma.
Para o Diretor da Itatijuca, inserir microrganismos no campo pode ser uma ferramenta-chave na produção de alimentos para suprir a crescente demanda mundial por alimentos. Isso porque as plantas são a matéria-prima para essa produção, mas não estão sozinhas no solo. “Elas dependem dos microrganismos que atuam na disponibilização de nutrientes, no crescimento e na proteção contra patógenos. Assim, sem eles não há produção de alimentos”, detalha. “A aplicação desses microrganismos vem a equilibrar sistemas produtivos que antes estavam ecologicamente desequilibrados e utilizando agroquímicos em excesso para manter a produção”, completa.
Alternativas para a disponibilização de fósforo
Com este objetivo, são grandes aliados microrganismos com capacidade de atuar sobre os fertilizantes, principalmente fosfatados. O que é essencial para a agricultura brasileira, uma vez que 55% do fósforo necessário para suprir a produção é importado. “A Itatijuca conta com produtos em seu portifólio com microrganismos capazes de atuar na disponibilização de fósforo por meio da produção de ácido sulfúrico. Esse mecanismo ainda não é explorado no Brasil e tem grande potencial para uso diretamente sobre as rochas fosfáticas, reduzindo custos de processo”, destaca.
Outra frente inovadora é o uso de fertilizantes aditivados de microrganismos capazes de favorecer a solubilização de fósforo e enxofre por ação da oxidação do enxofre elementar através do microrganismo Acidithiobacillus thiooxidans.
Resultados trazidos pelos microrganismos na agricultura
Rafael Vasconcellos destaca que já há resultados comprovados com o uso de compostos orgânicos e metabolitos microbianos para melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo.
Como exemplo temos a aplicação do EurusFert, produto que estimula microbiota do solo. Seu uso gerou um aumento da nodulação em soja, além de um incremento de 30% na produtividade. Já na cultura de milho para silagem, há registro de um aumento de 1,8 t/ha.
Fonte: MR Comunicação