Em franco crescimento no país, o mercado de insumos biológicos ultrapassou a marca de 90 milhões de doses de inoculantes comercializadas na última safra, segundo dados da ANPII (Associação Nacional de Produtores e Importadores de Inoculantes). Com inúmeros benefícios em sustentabilidade econômica, social e ambiental, a utilização de microrganismos em diversas culturas ganhou ainda um impulso extra nos últimos meses, devido ao cenário de instabilidade na oferta internacional e da alta valorização dos fertilizantes químicos, especialmente os nitrogenados.
“Os inoculantes apresentam custo-benefício médio muito mais vantajoso do que a adubação química, com eficácia produtiva comprovada, maior margem de rentabilidade e um grande diferencial, que é o viés ambiental”, explica Cibele Medeiros, gerente de produtos biológicos da Vittia, empresa brasileira que lidera o mercado nacional de inoculantes. No ano de 2021, a empresa registrou um faturamento de R$ 59 milhões, um crescimento de 46,9% na receita bruta em comparação com o ano de 2020.
A inoculação é um processo de biofertilização, em que são adicionados às sementes microrganismos que trarão grandes benefícios às plantas. Essas bactérias, ou fungos, são capazes de capturar os macro ou micronutrientes que já encontram-se presentes no solo ou no ar, e transformá-los em uma composição que possa ser melhor fixada pela planta, garantindo maior absorção desses elementos e, consequentemente, maior desenvolvimento.
O tipo de inoculação mais utilizado é à base de Bradyrhizobium, uma bactéria que promove a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN); mas existem também inoculantes que utilizam outros tipos de bactérias ou fungos, com atuação destacada para a fixação de diferentes elementos ou nutrientes, como para solubilização de fósforo contido no solo. Acredita-se que 70% do fósforo lançado fica preso no solo e a planta não o absorve.
“Além deste fornecimento de nutrientes a baixo custo, diminuindo ou eliminando a necessidade de fertilizantes químicos, muitos inoculantes estimulam ainda a produção de hormônios de crescimento nas plantas, maior desenvolvimento do sistema radicular e, por consequência, melhoria da resistência das plantas a situações de estresse hídrico ou climático. Além disso, oferecem também defesa natural à planta, produzindo antibióticos para protegê-la contra doenças e infecções”, conta Cibele.
SOJA
A pesquisadora destaca que além das elevadas produtividades nas culturas de leguminosas, os inoculantes também têm se mostrado poderosos aliados em outras lavouras, como as de trigo e aveia. “Em todas essas culturas já temos comprovação de alta eficiência, mas na sojicultura os resultados são ainda mais evidentes. É uma característica própria da soja e da associação que estabelece com as bactérias inoculadas. Uma relação simbiótica de alta eficiência”, explica. De acordo com a ANPII, das mais de 90 milhões de doses comercializadas na safra 2020/21, aproximadamente 80 milhões foram usadas na cultura da soja.
A adição anual do bioinsumo aumenta em mais de 8% a produtividade geral da soja, e é considerada indispensável em áreas que nunca produziram a oleaginosa ou que não são cultivadas há longos períodos. Segundo dados da Embrapa, considerando apenas a inoculação da soja com bactérias fixadoras de nitrogênio, o Brasil economiza, anualmente, cerca de 14 bilhões de dólares, que deixam de ser gastos com fertilizantes nitrogenados. “Mesmo com o alto investimento em pesquisa e tecnologia, são tecnologias com excelente custo-benefício ao produtor. Enquanto fertilizantes nitrogenados como a ureia custam em média acima de R$ 500 por hectare, os inoculantes para soja têm um custo médio aproximado entre R$ 8 a R$ 15 por hectare. Uma tecnologia com toda essa longa lista de benefícios ao cultivo, ao ambiente e também ao bolso do produtor, certamente vai continuar ganhando, cada vez mais, a adesão dos agricultores brasileiros”, conclui a especialista da Vittia.
Fonte: Ludymila Marques