Identificada transferência de genes de planta para mosca

A guerra entre plantas e insetos herbívoros remonta a milhões de anos

Pesquisadores franceses relataram a transferência de 49 genes de plantas para o genoma da mosca-branca, uma das principais pragas agrícolas nos trópicos e subtrópicos. Este é o primeiro estudo sobre um número tão alto de transferências de genes de plantas para insetos. As descobertas oferecem a possibilidade de explorar as relações entre plantas e insetos, o que pode permitir inovar nas técnicas de controle de pragas e reduzir o uso de pesticidas.

A mosca-branca ( Bemisia tabaci ) é uma das principais pragas das culturas nos trópicos e subtrópicos. Depois de estudar seu genoma, o Instituto Nacional de Pesquisas Agrícolas, Alimentares e Ambientais (INRAE) e o Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS), ambos da França, identificaram 49 genes vegetais transferidos para o genoma do próprio inseto . Nunca antes foi detectado um número tão grande de genes transferidos entre plantas e um inseto. Essas descobertas abrem as portas para novas pesquisas sobre as relações entre plantas e insetos que podem levar a métodos inovadores de controle de pragas e reduzir o uso de pesticidas.

A guerra entre plantas e insetos herbívoros remonta a milhões de anos e levou os dois protagonistas a uma corrida armamentista. Enquanto as plantas exibem sinais e erguem barreiras físicas e químicas, os insetos desenvolvem estratégias inteligentes para contornar esses obstáculos. Mas os genes envolvidos na adaptação dos insetos às vezes têm origens surpreendentes.

Pela primeira vez, estudos recentes de 2020 e 2021 (Lapadula et al., 2020SXia et al., 2021) mostraram a transferência de dois genes vegetais para o genoma da mosca-branca Bemisia tabaci, com um gene dando à mosca-branca a capacidade de neutralizar toxinas produzidas pelas plantas como mecanismo de defesa. Intrigados com essa descoberta, dois cientistas (um do INRAE e um do CNRS) tentaram descobrir quantos genes derivados de plantas estavam no genoma da mosca-branca, que foi totalmente sequenciado em 2016.

Fonte: AGROLINK –Leonardo Gottems