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Herbicidas Pré-Emergentes Para Soja: Os melhores produtos e suas orientações

Por Henrique Fabrício Placido*

O Brasil possui atualmente 50 casos registrados de plantas daninhas resistentes a herbicidas.

Além disso, temos aquelas que são naturalmente de difícil controle. E ainda nos preocupamos com plantas resistentes em países vizinhos que podem ser dispersadas para cá.

Agora, com certeza, você deve estar pensando em como lidar com todos esses problemas e evitar novos na sua lavoura de soja…

Uma das alternativas de sucesso no manejo da resistência de daninhas são os herbicidas aplicados em pré-emergência!

Casos de resistência a herbicidas no Brasil 

Como mencionei acima, temos 50 casos registrados de resistência a herbicidas no país. Dentre eles, temos algumas grandes preocupações:

  • Buva resistente a 5 mecanismos de ação;
  • Capim-amargoso (glifosato e ACCase);
  • Caruru-palmeri (glifosato e ALS);
  • Azevém em regiões mais frias (glifosato, Accase, ALS);
  • Capim-pé-de-galinha

Temos ainda a questão da resistência em países vizinhos, como picão preto resistente a glifosato no Paraguai.

Neste contexto, os herbicidas pré-emergentes têm sido uma ótima alternativa para o sucesso no manejo da resistência.

Eles diminuem a necessidade do uso de herbicidas pós-emergentes e têm pouquíssimos casos de resistência registrados no Brasil no Mundo.

Mas você sabe o que considerar antes de utilizar os herbicidas pré-emergentes para soja? Separei as principais recomendações.

6 pontos que você deve considerar antes de utilizar herbicidas pré-emergentes para soja 

1. Estou utilizando uma boa tecnologia de aplicação? 

Muitos produtores se acostumaram a utilizar herbicidas pós-emergentes, principalmente glifosato e, infelizmente, descuidaram um pouco da tecnologia de aplicação.

Uma pesquisa de inspeção de pulverizadores, por exemplo, constatou que 50% de todas as máquinas testadas possuíam problemas com adequação do manômetro; conservação de pontas de pulverização; e falhas na calibração do pulverizador.

Ocorre que, na pós-emergência, geralmente pelo padrão de seletividade dos herbicidas, se a quantidade do produto que chega na planta daninha for menor, o controle fica prejudicado. Mas, se a quantidade for maior, provavelmente não ocorrem grandes problemas.

E é devido a isso que o termo “chorinho do agricultor” foi consagrado! Essa prática, porém, aumenta a seleção de resistência.

herbicidas pré-emergentes soja

Dessecação de plantas daninhas na entressafra da soja / (Fonte: John Deere)

E, definitivamente, o chorinho do agricultor não funciona com pré-emergentes!

Quando se usa um pré-emergente, a dose deve ser respeitada. Qualquer quantidade a mais pode ocasionar grande problemas à cultura da soja ou à cultura de sucessão.

2. Qual o tipo de solo da área em que irei aplicar os herbicidas pré-emergentes para soja? 

A textura do solo é muito importante para a recomendação de herbicidas pré-emergentes para soja.

Solos com maior quantidade de argila e matéria orgânica retêm mais herbicidas em seus colóides ou na própria matéria orgânica, deixando menos herbicida na solução dos solos (onde pode ser absorvido e fazer efeito)!

Desta forma, se o produto for recomendado para os dois tipos de solo, costuma-se utilizar maior dose em solo argiloso (conferir sempre indicações da bula).

Porém, alguns herbicidas não são recomendados para alguns tipos de solo. Atente-se a isso!

Um herbicida muito móvel, por exemplo, pode ser aplicado em solo arenoso e ir diretamente para os lençóis freáticos, o que é prejuízo para o agricultor e para o meio ambiente.

herbicidas pré-emergentes soja

Triângulo de classificação textural do solo / (Fonte: Molina)

3. A área possui palha ou cobertura verde? 

O herbicida pré-emergente só é efetivo se chegar ao solo. Então qualquer barreira entre o solo e ponta de pulverização pode prejudicar sua ação.

A palha presente no solo e a maneira que está distribuída afetam diretamente a ação dos herbicidas pré-emergentes.

Alguns herbicidas possuem pouquíssima capacidade de atravessar a palha e chegar ao solo, como a trifluralina, excelente no controle de gramíneas, mas que em condições de muita palha (> 25% de cobertura do solo) tem seu efeito muito prejudicado.

Além disso, outro fato pouco levado em consideração pelos agricultores é a infestação da área no momento da aplicação.

Se houver muitas plantas daninhas, com grande cobertura do solo no momento da aplicação, estas podem absorver o produto antes de chegar ao solo, prejudicando seu efeito.

herbicidas pré-emergentes soja

Área de consórcio de milho com brachiaria após a colheita do milho / (Fonte: Soesp)

4. Qual o pH do solo? 

O pH do solo influencia principalmente em herbicidas considerados ácidos e bases fracos como inibidores da ALS e 2,4 D.

Estes herbicidas, conforme o pH do solo, podem ter maior ou menor mobilidade no solo, o que confunde muito.

A aplicação de imazetapir, por exemplo, após uma calagem pesada, pode ocasionar maior lixiviação do produto, diminui sua efetividade e pode contaminar o meio ambiente.

5. Qual o período entre a aplicação do pré-emergente e o plantio da soja?

Você deve ficar muito atento à carência mínima entre o período residual dos produtos utilizados na cultura anterior ou na entressafra para o plantio de soja.

Todos sabemos que a época de plantio da soja é muito importante para atingir grande produções. Iniciar o plantio cedo evita ataque de pragas no final de ciclo e, consequentemente, adianta o plantio do milho safrinha.

Porém, se o período residual mínimo não terminou, mesmo com ótimas condições para plantio não arrisque: a probabilidade de fitointoxicação é alta.

Um herbicida comumente utilizado no trigo ou no início da entressafra de soja para controle de folhas largas é o Metsulfuron. Mas o período mínimo entre o plantio da soja e sua aplicação é de 60 dias.

Não respeitar este período, no mínimo, provoca menor crescimento e desenvolvimento das soja.

carryover de metsulfuron em soja

Carryover de metsulfuron em soja / (Fonte: AgroProfesional)

Além disso, herbicidas utilizados em pós-emergência das plantas daninhas, como 2,4 D, podem ter uma certa ação residual e necessitar de um período entre sua aplicação e o plantio da soja. Atente-se a isso!

6. Qual o período residual do herbicida pré-emergente para soja? Qual cultura irei plantar em sucessão?  

Muitas vezes, nos preocupamos muito com os resíduos que podem prejudicar a soja e esquecemos que eles podem prejudicar a cultura de sucessão.

Como a seletividade dos herbicidas para as culturas é diferente, às vezes um décimo da dose usada na soja pode prejudicar o milho.

Desta forma, mesmo 90% do produto sendo degradado pelo tempo, os 10% restantes ainda podem afetar o milho.

O herbicida imazaquin, por exemplo, pode ser usado na pré-emergência da soja (algumas variedade de soja pode ter maior suscetibilidade) para controle de plantas daninhas de difícil controle como trapoeraba e leiteiro.

Porém, devemos esperar um intervalo de 300 dias entre a aplicação deste produto e o plantio de milho.

carryover de imazaquin em milho

Carryover de imazaquin em milho / (Fonte: Alonso)

Herbicidas pré-emergentes para soja: Controle de plantas daninhas de folha larga 

Diclosulam 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado nas primeiras aplicações do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso).

Dosagem recomendada: 29,8 a 41,7 g ha-1.

Pode ser misturado com: associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D).

Cuidados: o solo deve estar úmido.

Flumioxazin 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado nas primeiras aplicações do manejo outonal ou no sistema de aplique plante da soja

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso).

Dosagem recomendada: 40 a 120 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato; 2,4 D e imazetapir).

Sulfentrazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de plantas daninhas de folhas largas e bom controle de algumas gramíneas.

Dosagem recomendada: 0,5L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato; 2,4 D; chlorimuron e clomazone).

Recomendado principalmente para áreas onde também ocorre infestação de tiririca.

Herbicidas pré-emergentes para soja: Controle de plantas daninhas de folha estreita

S-metolachlor 

Quando aplicar: herbicida com ação residual utilizado no sistema de aplique plante da soja.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada:1,5 a 2,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: não deve ser aplicado em solos arenosos. O solo deve estar úmido, com perspectivas de chuva.

Trifluralina 

Quando aplicar: herbicida com ação residual, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso e capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas).

Cuidados: deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Formulações antigas têm problemas com fotodegradação (necessidade de incorporação). Eficiência muito reduzida em solos com grande quantidade de palha ou durante grande período de seca.

Clomazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual, no sistema de plante aplique.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-colchão, capim-pé-de-galinha) e algumas folhas largas de sementes pequena.

Dosagem recomendada: 1,6 a 2,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) e sulfentrazone.

Cuidados: Cuidado com deriva em culturas suscetíveis vizinhas.

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um engenheiro agrônomo (a). Mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação.

Conclusão

Neste artigo, vimos a importância do manejo de herbicidas pré-emergentes para soja.

Quais são as principais perguntas que um produtor deve se fazer antes do uso de pré-emergentes.

Além disso, citamos os principais herbicidas aplicados em pré-emergência que podem ser utilizados para controle de plantas daninhas em soja.

*Henrique Fabrício Placido é engenheiro agrônomo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre pela ESALQ/USP e especialista em Gestão de Projetos. Atualmente, sou doutorando pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) na linha de pesquisa de plantas daninhas.

Creditos: Pixabay

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