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Duas lagartas estão atacando soja Bt nesta safra. Pesquisador dá dicas para controlá-las

Aplicação de inseticida em período incorreto gera gasto desnecessário e pode piorar o problema

Adotada no Brasil desde 2013, a soja com tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis) representou um salto para a cultura ao proporcionar efetiva resistência às pragas que vinham destruindo lavouras no país. No entanto, o pesquisador da Embrapa Soja, Adeney de Freitas Bueno, alerta para um fato que pode gerar perdas na produção: as lagartas falsa-medideira (Rachiplusia nu) e a broca-das-axilas (Crocidosema aporema) estão apresentando resistência à biotecnologia nesta safra 21/22.

Segundo o especialista, esse problema se deve, principalmente, à falta de adoção de refúgio. “Esta é uma situação que precisamos mudar, adotando mais refúgio nas próximas safras, se não os problemas só tendem a aumentar”, explica.

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Desta forma, a orientação é que os produtores reservem 20% da lavoura de soja para plantio de soja sem tecnologia Bt. Assim, em uma área de 100 hectares, por exemplo, 80 podem ser plantados com a oleaginosa portadora da biotecnologia e os outros 20 com a convencional.

Aplicação de inseticidas em lagartas

O pesquisador da Embrapa Soja destaca que apesar da ocorrência das duas lagartas, os produtores têm aplicado inseticidas com populações muito baixas, abusando do uso antes dos níveis de ação serem atingidos. “Para a lagarta falsa-medideira, o agricultor pode esperar 30% de desfolha no período vegetativo e 15% no reprodutivo. Antes disso, nenhuma perda de produtividade vai ocorrer. Aplicar inseticida antes é só jogar dinheiro fora, além de selecionar, inclusive, lagartas possivelmente resistentes aos inseticidas no futuro”, explica.

De acordo com Bueno, o mesmo conceito vale para a lagarta broca-das-axilas. “Os trabalhos de análises que temos feito mostram que infestações de 30% a 40% de plantas não reduzem a produtividade da lavoura, então o que recomendamos é que os níveis de ação sejam aguardados para se iniciar a aplicação dos inseticidas porque, do contrário, o problema só vai se agravar”.

O especialista lembra que a tecnologia Bt tem funcionado para as outras lagartas, mas se o refúgio não for adotado pelos produtores, a resistência da biotecnologia para o manejo integrado de pragas na soja no Brasil acabará sendo perdida.

Fonte: VICTOR FAVERIN

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