Matéria-prima para nossas roupas e até para insumos hospitalares, o algodão tem papel fundamental na história e desenvolvimento do Brasil. No século XVIII, seu cultivo e a exportação foram decisivos para a industrialização nacional. Mais de 300 anos depois, a pluma de algodão – espécie de flor que desabrocha a partir do caroço da planta – tem participação ativa na economia e na geração de empregos, seja na agricultura ou na indústria têxtil.
“A produção brasileira de algodão em caroço mais que dobrou nos últimos 10 anos. São cerca de 6,9 milhões de toneladas colhidas em área equivalente a 1,6 milhão de campos de futebol. Somente em produção, o algodão gera R$ 16 bilhões em divisas para o país”, informa Júlio Borges, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), usando dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O uso da fibra (ou pluma) do algodão é bem conhecido por estar nas roupas, mas o caroço em si também é muito importante, como óleo comestível – a exemplo do óleo de soja –, biodiesel, adubos e até rações para animais. A celulose do algodão também serve para a produção de um tipo especial de papel. As notas de dólar norte-americano e de real brasileiro, por exemplo, são compostas em grande parte por fibra de algodão.
“Apesar da grande produção, o algodão é bastante sensível. Dessa forma, sofre com a qualidade do solo, falta de água e, principalmente, por ataques de temidos inimigos. Entre eles estão as plantas daninhas, invasoras que competem com a planta por nutrientes e, se não forem corretamente controladas, podem levar à devastação de até 90% da plantação. Alguns desses vilões são a corda-de-viola, a trapoeraba, o capim-pé-de-galinha e o capim-amargoso”, informa Júlio.
Esses riscos no campo são terríveis não apenas para os agricultores, mas também para as pessoas que usam produtos à base de algodão, já que a falta de matéria-prima causaria elevação no preço de uma infinidade de produtos, principalmente as roupas. As perdas devido à falta de tratamento das pragas agrícolas podem alcançar área de plantação equivalente ao tamanho de Pequim, capital da China, país que mais importa o algodão produzido no Brasil.
A solução para essa ameaça iminente é proteger a produção de algodão, controlando pragas como lagarta-elasmo, percevejo castanho e ácaro rajado e os fungos como o mofo branco e a ramulária, que pode causar mais de 90% de desfolha do algodão. A indústria, por meio da ciência e da tecnologia, está empenhada em auxiliar os agricultores a vencer este desafio.
“O Brasil tem os recursos mais avançados para o controle de pragas e doenças da agricultura, que se espalham facilmente no nosso clima e rapidamente podem criar resistência a tecnologias mais tradicionais”, explica Eliane Kay, diretora executiva do Sindiveg. “Usados de forma correta e segura, os defensivos agrícolas protegem o algodão, mantendo sua qualidade e segurança. E é isso o que buscamos.”
Importante destacar que antes de serem comercializadas, as soluções agrícolas são testadas e submetidas a um longo e rigoroso processo de avaliação nos Ministérios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente. Este processo demora vários anos até a autorização de uso. “Esse cuidado é a garantia de que os insumos são benéficos para agricultores, comerciantes e consumidores. Essa é a contribuição da indústria de saúde vegetal para a produção sustentável de alimentos no país”, destaca Eliane.
Produção regional
A produção de algodão em caroço, arbóreo ou herbáceo, está presente em 16 estados brasileiros, liderados pelo Mato Grosso que sozinho concentra 67% da colheita nacional, equivalente a 4,7 milhões de toneladas. Em segundo lugar, aparece a Bahia, com 22% do total (1,5 milhão de tonelada). Goiás é o terceiro maior produtor do cultivo, com 3% da safra, chegando anualmente perto de 183 mil toneladas.
Fonte: Texto Comunicação