Estudo traçou como seria o mundo em 2050 se o desenvolvimento humano progredisse em seu caminho atual ‘usual’
Até 2050, conforme a população mundial cresce para 10 bilhões, a demanda por recursos naturais atingirá níveis sem precedentes, intensificando os aspectos severos da mudança climática. As principais organizações de desenvolvimento global já estão destacando a poluição do ar e a escassez de água como os maiores perigos à saúde e à prosperidade humana. Um estudo da The Nature Conservancy, juntamente com a Universidade de Minnesota e outras 11 instituições analisaram a viabilidade de avançarmos nos principais objetivos de preservação ao mesmo tempo em que atendemos às demandas de crescimento econômico e da população em 2050. O trabalho de pesquisa, “Uma Visão Global Alcançável para a Preservação e Bem-Estar Humano”, apresenta um teste científico de uma visão do futuro onde comunidades humanas e ecossistemas saudáveis e abundantes coexistem com sucesso.
De acordo com Leandro Baumgarten, Gerente de Ciências da The Nature Conservancy (TNC) Brasil, hoje, nós temos condições para alimentar a população de 2050, a questão é qual a qualidade de vida e equidade social que teremos fazendo isso. Mantendo a direção atual, vamos ter problemas amabientais sérios quevão levar a insegurança alimentar e distribuição desigual dos recursos. Numa rota sustentável, onde temos um uso mais racional da terra e melhores práticas agrícolas, podemos garantir a segurança alimentar e promover equidade social.
“Cada vez mais evidências científicas nos mostram que pessoas e natureza compartilham muitos dos mesmos desafios. As análises que fizemos aqui são encorajadoras, uma vez que mostram que também podemos compartilhar o sucesso. Não estamos buscando uma escolha inevitável; crescimento esperado em PIB, população e suas demandas podem ser balanceados com importantes melhorias no clima e natureza”, disse Heather Tallis, coautora do relatório e Diretora de Gestão Global e Cientista Chege de Inovação de Estratégia na The Nature Conservancy.
O estudo ainda ressalta que, um dos grandes desafios da sustentabilidade é fazer toda a população entender que a direção para onde rumamos agora terá consequências graves para a nossa qualidade de vida e mesmo nossa sobrevivência no futuro. Já temos um vislumbre do que irá acontecer e quando a conta chegar será tarde demais. Precisamos de uma mudança de comportamento em todos os níveis, individual, regional e nacional, para evitar cenários sombrios.
O estudo traçou como seria o mundo em 2050 se o desenvolvimento humano progredisse em seu caminho atual ‘usual’ em comparação a um caminho de ‘sustentabilidade’, que demandaria grandes mudanças nos padrões de produção para superar os desafios econômicos, sociais e políticos significativos. O caminho de ‘sustentabilidade’ requer diversas mudanças de paradigma, mas demonstra a viabilidade de atender demandas humanas enquanto simultaneamente avançamos em várias importantes metas de preservação.
Os resultados mostram que as tecnologias esperadas e a adoção em grande escala de abordagens comuns de preservação podem ter contribuições significativas a vários objetivos econômicos e ambientais”, disse Polasky. “Proteger a natureza e fornecer água, alimento e energia a um mundo em crescimento não precisa ser uma proposição do tipo “um ou outro.”
Os objetivos ambientais e econômicos analisados no estudo podem ser atingidos ajustando como e onde ocorre a atividade econômica:
Clima, Energia e Qualidade do Ar – transformando a produção de energia primariamente de combustíveis fósseis para energia renovável e nuclear; estabelecendo nova infraestrutura de energia em terra já convertida.
Na Terra: Alimento, Proteção e Crescimento da Cidade – Mudando as plantações dentro das regiões de produção agrícola para melhor correspondência das condições de cultivo. Isso diminui o estresse hídrico e reduz a pegada de terra.
Na Água: Água Potável, Bacias Hidrográficas e Locais de Pesca Oceânica – A transição energética e os ajustes de plantação levam a grandes economias de água, reduzindo o estresse hídrico para a agricultura, pessoas e biodiversidade. O gerenciamento sustentável de todos os estoques de peixes selvagens aumenta a quantidade de pescado.
A pesquisa abrangeu 10 dos ODS e ilustra como o cenário de sustentabilidade poderia ajudar a avançá-los. Outras explorações com mais modelos globais abrangentes e dinâmicos são necessários para tratar o conjunto completo de ODGs e considerar o potencial de cruzar os pontos ‘chave’ do sistema da terra que podem ter grandes impactos no desenvolvimento sustentável. Fazer a transição a partir do modelo ‘usual’ reduziria a probabilidade de cruzar esses pontos.
Brian McPeek, Presidente da The Nature Conservancy, disse “nossa pesquisa baseada na ciência não é um ‘modelo’ prescritivo de onde e como achamos que a preservação deveria ocorrer. Mas ela mostra que um caminho sustentável é, de fato, possível. Os limites do planeta não estão no meio do caminho de um futuro sustentável, mas sim nos limites de nossa vontade e criatividade”.
Fonte: Agrolink Por Aline Merladete