A agropecuária faz parte de um dos setores mais sensíveis à críticas e informações prejudiciais no Brasil. A opinião pública, por vezes, é severa nas cobranças aos produtores rurais e agroindústrias. Basta recordar recentemente o caso da possível fusão dos ministérios da agricultura e meio ambiente, onde depoimentos, notícias e até memes transformaram o setor primário em um vilão que referendaria práticas ilegais contra o nosso sistema ecológico, quando na verdade a grande maioria dos agricultores sintoniza produção e preservação como demonstram diversos levantamentos realizados por aí.
Em tempos de fake news e da pós-verdade, onde cada um acredita naquilo que lhe convém, a comunicação vai se transformar em um dos principais insumos para combater as distorções que hoje as redes sociais propagam sem, muitas vezes, termos a medição de alcance da informação. As pesquisas recentes já mostram o grande acesso dos produtores rurais às redes sociais e que elas estão se transformando em propulsoras de notícias relativas ao setor rural. Entretanto, as comunicações, em sua grande maioria, ainda são voltadas para o chamado “dentro da porteira”, ou seja, a agropecuária falando consigo mesma.
O primeiro passo é direcionar parte de sua força para se comunicar com a outra ponta: a sociedade urbana, esta mesma que, por muitas vezes, cobra e aponta o dedo para que o produtor seja responsável. Ela é a primeira que deve receber a mensagem do que o setor está fazendo e no que está evoluindo em termos de controles realizados por mercados, governos e, inclusive, pelos próprios agropecuaristas. No entanto, é preciso mudar a chave da linguagem e criar formas de que este consumidor entenda, de forma didática, a construção que está sendo feita no campo.
A mudança de conceitos exige trabalho e não é da noite para o dia que a transformação acontece. Um exemplo é o próprio conceito de agronegócio, conhecido mundialmente como a relação comercial entre agentes da cadeia produtiva, mas que no Brasil virou palavra para alguns setores de um modelo de produção maléfico que visa interesses de poucos. Injusto para um setor que nos segurou em momentos difíceis. Mas o combate começa com comunicação de forma transparente, ética e, mais do que nunca, criativa, transformando a imagem.
A comunicação e a informação, no sentido de imagem, devem ser tratadas com a mesma importância que as análises de mercado e os manejos técnicos. A imagem de um setor pode, e muito, influenciar diretamente nos negócios e na renda. A comunicação deve ser uma das prioridades dos novos tempos para o setor rural. Com ela, as outras pontas podem evoluir.
* Nestor Tipa Júnior é Jornalista e pós graduado em Marketing no Agronegócio. Sócio-diretor da AgroEffective
Por: Nestor Tipa Júnior*