O controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) com emprego de baculovírus reduz significativamente a população da lagarta no algodoeiro, enquanto a ação de bioinseticidas reforçam a proteção das maçãs da planta e potencializam o efeito de inseticidas químicos. Essa foi a conclusão de seis dos maiores cientistas brasileiros, com reputação de liderança no desenvolvimento de estudos de ponta nessa área.
Participaram dos ensaios e da série de estudos avançados, tanto em nível de campo como de laboratório, os pesquisadores: Geraldo Papa (Unesp-SP), Lucia Vivan (Fundação MT), Germison Tomquelski (Fundação Chapadão-MS) e Marco Tamai (Universidade do Estado da Bahia), além dos especialistas Janayne Resende e Marcelo Lima, ambos da empresa australo-americana AgBiTech, maior produtora mundial de baculovírus.
Marcelo Lima, gerente de pesquisa & desenvolvimento da AgBiTech, ressalta que a série de estudos realizada com apoio dos pesquisadores teve foco no inseticida biológico Cartugen, lançado recentemente no Brasil. Somente na safra 2018-19, adianta Lima, o grupo de pesquisas constatou a eficácia desse bioinseticida em 34 áreas comerciais de algodão, na Bahia, no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e em Goiás.
Conforme atestaram os pesquisadores à AgBiTech, as aplicações de Cartugen no algodoeiro protegem efetivamente as estruturas reprodutivas das plantas, em primeira e segunda posições. Os autores dos ensaios concluíram ainda que na comparação ao manejo padrão do produtor, ancorado somente nos inseticidas químicos, o bioinseticida da empresa transferiu ganho médio de 13,3 estruturas reprodutivas por metro linear cultivado.
O diretor geral da AgBiTech para a América Latina, Adriano Vilas Boas, explica que os baculovírus compõem hoje o maior grupo de vírus com efeito predatório sobre insetos conhecido pela agrociência. Segundo o executivo, esses produtos são portadores de uma matriz proteica, com pH alcalino, que ao ser ingerida pelas lagartas libera partículas virais diretamente no intestino dos insetos. “Inicia-se assim a infecção das lagartas”, explica Vilas Boas. Graças a essas características, diz o executivo, baculovírus foram reconhecidos pelo IRAC – Comitê Internacional de Ação à Resistência de Inseticidas – no grupo 31 de tecnologias com novo modo de ação.
Ainda de acordo com dados fornecidos pelos pesquisadores à empresa, além dos diferenciais agronômicos entregues pelo produto Cartugen ao algodoeiro, chamou a atenção o registro de um ganho econômico representativo obtido nas 34 áreas analisadas. No balanço dos ensaios, revela a AgBiTech, apurou-se acréscimo de receitas situado entre US$ 175 por hectare e US$ 197 por hectare da pluma, descontado o investimento adicional da ordem de US$ 21 por hectare.
Nas lavouras-alvo do estudo da AgBiTech, conforme revela Marcelo Lima, os pesquisadores observaram que o ataque da Spodotera frugiperda ocorreu principalmente da parte mediana do algodoeiro até o ponteiro. Segundo as análises, a fase mais crítica da ação da praga se deu entre a formação dos botões florais e o aparecimento dos primeiros capulhos, com redução significativa da produção de fibras.
“Notamos que esse problema se mantém mesmo nas plantas transgênicas de primeira e segunda gerações, pois suas estruturas reprodutivas contêm menor teor da toxina ‘Bacillus thuringiensis’. Esses locais são os preferidos pelas lagartas para se alimentar”, finaliza Lima.
Fonte: Agrolink Por Leonardo Gottems
Crédito: DP Embrapa