Aplicação técnica da fotônica na agricultura, que permite realizar análises de solos de forma rápida, limpa e economicamente acessível ao produtor
A aplicação técnica da fotônica na agricultura, que permite realizar análises de solos de forma rápida, limpa e economicamente acessível ao produtor, é uma das linhas de pesquisa que podem ampliar e fortalecer a cooperação científica entre a Embrapa e o Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
A possibilidade ocorre após passagem, pelo Brasil, dos pesquisadores do USDA Kenneth A Sudduth, especialista em Agricultura de Precisão (AP), e a cientista de solo Kristen Veum. Nesta semana eles conheceram tecnologias da Embrapa na região Sudeste e sistemas de cultivo no Centro-Oeste do País.
Sudduth é reconhecido internacionalmente por suas pesquisas com AP, como o desenvolvimento de melhores abordagens e novos sistemas de sensores para medir o carbono e a umidade do solo, baseado em espectroscopia de reflectância difusa no infravermelho próximo. O pesquisador é um dos primeiros a aplicar ferramentas para estimar a produtividade do solo e as variações das culturas no campo.
De acordo com o pesquisador Ladislau Martin Neto da Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) e ex-coordenador do Laboratório Virtual da Embrapa – Labex Estados Unidos, entre 2009 e 2011, os norte-americanos demonstraram grande interesse nas pesquisas que analisam a matéria orgânica, textura, pH, e conteúdo de macro e micronutrientes dos solos com o emprego da técnica baseada em laser, conhecida como LIBS, sem tratamento químico nas amostras.
A metodologia LIBS, sigla para espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido por laser, cujas pesquisas são lideradas pela pesquisadora e chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia, Débora Milori, deverão ser objeto de projeto conjunto para validar o LIBS para as análises de solos no estado de Missouri, nos Estados Unidos.
“A articulação da visita realizada pelo atual coordenador do Labex EUA, Geraldo Martha Junior, e pelo líder da Rede de Agricultura de Precisão, Ricardo Inamasu, está gerando a possibilidade de uso do LIBS para análises de solos também internacionalmente, o que dá a dimensão do que estamos fazendo por aqui”, disse Débora Milori.
Pesquisadores conhecem tecnologias para agricultura digital
Sudduth e Kristen, depois de participarem do Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão, realizado no início de outubro, em Curitiba, estiveram nas duas Unidades da Embrapa, em São Carlos – Instrumentação e Pecuária Sudeste – e, em Campinas, na Embrapa Informática Agropecuária.
Acompanhados por Inamasu, os pesquisadores visitaram os laboratórios da Embrapa Instrumentação, a infraestrutura e tecnologias do Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre). No local, inaugurado em 2013 para pesquisar e desenvolver equipamentos, sensores, componentes mecânicos e eletrônica embarcada, os pesquisadores conheceram robôs, drones, sensores, entre outras ferramentas de AP.
Na Embrapa Pecuária Sudeste, os pesquisadores conheceram o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o GreenFeed, o GrowSafe e o Sistema de Leite, acompanhados do pesquisador Alberto Bernardi e do analista Wilson Malagó Junior.
Bernardi disse que a visita foi interessante porque a abordagem da pecuária de precisão adotada no ILPF tem como finalidade o manejo do sistema, e não apenas o uso de sensores e equipamentos. “Nossa pesquisa gera subsídios para intermediar o manejo. E eles também estão trabalhando nesta linha”, afirmou o pesquisador.
Pesquisas envolvendo agricultura 4.0, Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things – IoT), entre outras, foram o foco da visita dos norte-americanos à Embrapa Informática Agropecuária nesta quinta-feira (11), acompanhados do pesquisador Ariovaldo Luchiari.
Os norte-americanos também estiveram em Cuiabá (MT). Sudduth, que é ex-presidente da Sociedade Internacional de Agricultura de Precisão, realizou palestra no começo da semana para convidados da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt).
No estado, ainda teve a oportunidade de conhecer o sistema double crop, que é a prática de produzir duas ou mais culturas na mesma área, como é o caso em Mato Grosso, onde o algodão é cultivado após a colheita da soja, na mesma safra.
Fonte: Embrapa