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7 Dicas Dos Especialistas Para Uma Safra De Milho Verão Ainda Melhor

O milho é cultivado em todas as regiões do Brasil. Popularmente dizemos que, onde tem criação animal, tem milho!

Embora apenas 28% dos 17,6 milhões de hectares de milho da safra 2018/2019 sejam semeados em primeira safra, essa ainda é a escolha de muitos produtores que não podem fazer a safrinha.

Mas a média de produtividade brasileira, de 5 toneladas por hectare, ainda está abaixo da média mundial. Isso mostra o grande potencial de aumento de produção.

1 – Escolha da cultivar para a safra de milho (Roberto Fritsche-Neto e Gustavo Vitti Môro)De um modo geral, a cultivar é responsável por 50% da produtividade da lavoura, pelo menos!Devemos, primeiramente, conhecer o as condições de solo e clima da região. Precisamos saber também a finalidade do sistema de produção e como a planta de milho se encaixará nesse sistema (ex: grãos, silagem, etc.).

Como normalmente as empresas já direcionam suas cultivares de acordo com as regiões mais aptas, fique atento caso adquira sementes em local diferentes de onde será semeada a lavoura.

Para produção de silagem, verifique a sanidade foliar e resistência às principais doenças como ferrugens e enfezamentos.

Período de enchimento de grãos prolongado também é uma característica importante, pois amplia o tempo hábil da colheita da planta para silagem.

Na produção de grãos, características relacionadas à qualidade e uniformidade dos grãos são essenciais. Confira também a resistência a acamamentos para não prejudicar a colheita.

2 – Entenda os requisitos da cultura (Antonio Luiz Fancelli)

O milho é cultivado nos mais amplos ambientes. Porém, essa espécie apresenta alguns requisitos básicos quanto à temperatura e disponibilidade hídrica em períodos chaves.

Desse modo, se seguirmos esses requisitos, teremos mais chances de garantir o potencial produtivo da cultivar escolhida.

safra de milho

Variação da produtividade como produto da relação entre o material genético e o fenótipo da cultivar em dado ambiente de produção / (Fonte: Visão Agrícola, 2015)

Na semeadura, por exemplo, o ideal é que a temperatura do solo esteja acima dos 18℃ e abaixo dos 35℃. Isso visa garantir uma germinação uniforme e a atividade das enzimas relacionadas ao ciclo do nitrogênio no solo.

Temperaturas noturnas maiores que 24℃ aumentam o gasto energético da planta, diminuindo o saldo de fotoassimilados que são destinados ao desenvolvimento.

Altas temperaturas noturnas podem reduzir o ciclo da planta também, o que pode afetar diretamente no potencial produtivo da cultivar!

Quanto ao requerimento hídrico, o milho necessita entre 400 mm e 600 mm ao longo de seu ciclo.

Sendo que o período mais crítico está 15 dias antes e 15 dias depois do emborrachamento (aparecimento da inflorescência masculina).

Com isso, o planejamento da semeadura deve assegurar a disponibilidade de água nesse período!

3 – Manejo baseado na fenologia da planta (Antonio Luiz Fancelli)

O ciclo do milho pode variar entre 110 dias (para as cultivares mais precoces) e 160 dias, no caso das mais tardias.

Essa variação ocorre principalmente pelas diferentes quantidades de energia térmica ou calor requeridas pelas cultivares.

Para se desenvolver, a planta de milho necessita acumular unidades calóricas, que são comumente medidas em graus-dias (GD).

Dessa forma, quando nos baseamos em uma escala de tempo, como “dias após a semeadura”, reduzimos a eficiência dos insumos aplicados.

Portanto, é importante utilizarmos a escala fenológica da planta para planejar o plantio e manejos da lavoura como um todo para uma boa safra de milho.

safra de milho

(Fonte: Adaptado da Universidade de Kansas)

4 – Prolongar a vida útil do Bt (Celso Omoto e Oderlei Bernardi)

A primeira tecnologia Bt foi aprovada para milho no Brasil em 2007. Desde então, diversas tecnologias inseticidas foram liberadas no país.

Entretanto, a quebra dessas tecnologias, via resistência das pragas pode colocar décadas de pesquisa em xeque.

Para diminuirmos a pressão de seleção sobre as pragas e prolongarmos a tecnologia Bt, que atualmente é uma das maiores aliadas do produtor na manutenção do potencial produtivo, devemos seguir alguns passos:

  • Utilização da área de refúgio é a medida mais importante! Ela deve equivaler a pelo menos 10% da área plantada e ser semeada com uma cultivar de ciclo vegetativo similar à cultivar transgênica;
  • Limitar as pulverizações para controle de pragas na área de refúgio somente até a fase V6 do milho;
  • Rotacionar a área com diferentes tecnologias Bt;
  • Dispor a área de refúgio a não mais de 800 m da área Bt.
safra de milho

Disposição esquemática de áreas de refúgio em lavouras tradicionais e em pivô central /(Fonte: Visão Agrícola, 2015)

5 – Controle das plantas daninhas na safra de milho (Pedro Jacob Christoffoleti)

Plantas invasoras podem acarretar perdas de até 87% na produção de milho, segundo estimativas. Por isso, controlá-las é de extrema importância para uma boa safra de milho.

A planta de milho é altamente competitiva quando bem conduzida. Dessa forma, semear a cultivar indicada para a região no período correto, fazer a dessecação adequada e atender à demanda nutricional da planta já garantem boa parte do serviço.

A próxima etapa é fazer o controle no período correto, de acordo com a escala fenológica da cultura (entre 3 e 14 folhas completamente expandidas), como comentei acima.

Período crítico de prevenção da interferência (PCPI) na cultura do milho / (Fonte: Acervo do autor)

6 – Sistema plantio direto para safra de milho (José Laércio Favarin e Silas Maciel de Oliveira)

O sistema de plantio direto proporciona vantagens em ambientes tropicais como o do Brasil.

E, na cultura do milhoque está majoritariamente nesse tipo de ambiente, o plantio direto permite maior eficiência do uso dos nutrientes. O SPD também diminui as perdas através da erosão das camadas superficiais.

Ele garante ainda umidade no solo durante a germinação e na fase crítica da cultura (durante o pendoamento).

Água disponível entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente, para solo em SPD e SC, no cultivo do milho / (Fonte: Adaptado de Dalmago et al., 2009)

Além disso, promove o controle da temperatura do solo, ajudando na germinação e na eficiência das enzimas do solo (ex: nitrato redutase).

7 – Consórcio com forrageiras (Rodrigo Estevam Munhoz de Almeida e Silas Maciel de Oliveira)

O desafio para usufruir de todas as vantagens do sistema plantio direto é garantir uma cobertura do solo adequada e uniforme.

E nesse aspecto, esta é a última dica que separei: o consórcio de milho com forrageiras.

Essa técnica é capaz de produzir biomassa suficiente para proteger o solo durante a entressafra e início da safra sem afetar a produtividade da lavoura de milho.

Aqui no blog, já falamos sobre consórcio de forrageiras como a brachiaria. Recomendo que você dê uma olhada!

Produção de milho; Mato Grosso (Centro-Oeste) é o maior entre as regiões produtoras nos últimos anos, segundo Conab / (Fonte: Embrapa)

Conclusão

A produção total de milho no Brasil deve chegar a 99,9 milhões de toneladas na safra atual, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Será um aumento de 23% em relação à safra passada.

Mas, ainda há muito espaço para ganho de produtividade – que está abaixo da média mundial. E vimos que isso pode ser feito com foco no manejo adequado das áreas!

Neste artigo, mostramos algumas dicas para atingir todo o potencial produtivo da lavoura de milho, seja para grãos ou silagem.

Falamos sobre os requisitos da cultura, controle adequado de daninhas, sistema de plantio direto e consórcio com forrageira, entre outros pontos importantes.

Lucas Nogueira é engenheiro agrônomo pela ESALQ/USP em Piracicaba-SP. Atualmente sou Mestrando em Fitotecnia na mesma instituição, pesquisando sobre plantio direto e consórcio de culturas graníferas com forrageiras tropicais.*

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