Por Giuliana Rayane Barbosa Duarte*
Fertilizantes e tipos de NPK
Os fertilizantes fornecem nutrientes necessários para o pleno crescimento e desenvolvimento das plantas. Os mais utilizados são os químicos, estercos e resíduos de plantas.
Uma fonte nutricional bem equilibrada aumenta a produtividade. Desta forma, damos destaque ao fertilizante NPK.
Os fertilizantes NPK são fontes de três nutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O).
No Brasil, a utilização de NPK vem crescendo devido ao aumento produtivo no país, como você pode ver na figura abaixo:
(Fonte: IPNI)
O fertilizante NPK pode ser disponibilizado de diferentes tipos físicos, sendo eles:
Mistura de grânulos:
Ocorre quando dois ou três tipos de grânulos diferentes estão presentes na mistura.
Consiste simplesmente em uma mistura física de matérias-primas previamente granuladas. Neste caso, cada grânulo é fonte de somente um nutriente.
Por exemplo: Mistura de grânulos de sulfato de amônio + Grânulos de super fosfato triplo + Grânulos de cloreto de potássio.
(Fonte: Boletim técnico 89 – UFLA)
Mistura granulada:
É uma mistura de produtos em pó que passa pelo processo de granulação para que os diferentes nutrientes fiquem no mesmo grânulo. Não ocorre reação entre os componentes da mistura.
Por exemplo: N-P-K no grânulo
(Fonte: Boletim técnico 89 – UFLA)
NPK micrado com micronutriente:
Nesse processo ocorre, além da adição de N, P e K, também há adição de algum(ns) micronutrientes aos grânulos. Isso garante uma melhor distribuição, principalmente de micronutrientes, normalmente requeridos em pequenas quantidades.
É uma mistura de produtos em pó que passa pelo processo de granulação.
NPK de liberação lenta (Osmocote):
É um fertilizante constituído por grânulos, formado pela mistura das matérias primas, fonte de nitrogênio, fósforo e potássio.
Esse fertilizante tem uma característica específica de ir liberando lentamente os nutrientes do qual é composto.
Os benefícios da utilização deste fertilizante são:
- Nutrição precisa e segura;
- Utilização de uma única adubação;
- Fornecimento contínuo dos nutrientes durante o desenvolvimento das mudas;
- Disponibilização do nutriente num período de 2 a 14 meses;
- Melhor aproveitamento dos nutrientes, evitando excesso e falta;
- Proporciona maior volume e crescimento de raízes, menor suscetibilidade a condições adversas, entre outras vantagens.
Fórmulas de adubos NPK
Existe no mercado uma infinidade de fórmulas de fertilizantes NPK. Veja as mais utilizadas em cada região na tabela que eu selecionei:
(Fonte: IPNI)
Mas como escolher entre as formulações?
A escolha deve ser baseada na análise de solo associadas à demanda da cultura. A formulação deve ser a mais próxima possível das demandas da cultura plantada.
E quando a formulação não se encaixa?
Quando isso ocorrer, é necessário fazer uma suplementação do nutriente faltante com uma fonte externa.
Agora que você já entendeu os diferentes tipos de NPK, vamos falar sobre a aplicação desse fertilizante na soja e também no milho.
Fertilizantes NPK na soja
O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo atualmente. Esse destaque na produção é reflexo da atividade eficaz de manejo, principalmente relacionado à adubação equilibrada e feita no momento correto.
Relata-se que a soja chega ao seu pico máximo de absorção aos 75 dias. Veja a tabela de exportação da soja:
(Fonte: Embrapa)
Sabe-se que a soja consegue se associar a microorganismos capazes de fixar nitrogênio atmosférico.
Hoje, inoculações com Bradyrhizobium possibilitam uma economia anual estimada de US$ 3 bilhões em fertilizantes nitrogenados.
Com isso, podemos perceber que a soja consegue ser autossuficiente com relação ao N, quando na presença da associação biológica.
Existem relatos, em estudos, que a adubação nitrogenada interfere negativamente nas FBN. Portanto, recomenda-se que o uso de adubo nitrogenado não supere 20Kg/ha.
Hoje ainda ocorre a associação de Azospirillum brasilense, que é responsável pela produção de fito-hormônios que desenvolvem o sistema radicular, o que também auxilia no aumento da eficiência produtiva, pois aumenta a área radicular.
As recomendações de adubação na soja são baseadas na quantidade de produção esperada. Veja:
(Fonte: Boletim 100)
Recomenda-se que, quando as doses de potássio excederem 50kg/ha, haja o fracionamento de ⅔ na cobertura e ⅓ no plantio.
Se o teor de argila for inferior a 40%, também recomenda-se o fracionamento.
O fósforo é disponibilizado todo no momento da semeadura, isso devido à sua função energética, demandada principalmente no momento da germinação.
Fertilizantes NPK para milho
A utilização de fertilizantes químicos na cultura do milho é uma alternativa eficiente, pois expressa um aumento significativo da produtividade.
No milho, as principais adubações são realizadas na semeadura e na cobertura. Entre os nutrientes utilizados em grande quantidade se destacam o NPK.
No caso específico dessa cultura, ocorre o interesse de dois produtos, a silagem e o grão. Com isso, deve-se conhecer a quantidade extraída pela planta em cada situação.
(Fonte: IPNI)
Estudos comprovam que a quantidade demandada de nutriente segue paralela à produção. Ou seja, quanto mais se produz, mais se exige.
As maiores exigências são de nitrogênio e potássio (K), seguida de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e fósforo (P).
No que se refere à exportação dos nutrientes nos grãos, o fósforo é quase todo translocado para as sementes (80 a 90%); seguindo-se o nitrogênio (75%); enxofre (60%); magnésio (50%); potássio (20-30%); e cálcio (10-15%).
Portanto, percebe-se que potássio e cálcio são os dois nutrientes que ficam mais retidos na palhada, sendo importante a reposição destes no solo.
Já, quando estamos tratando de produção de silagem, devem se atentar à reposição completa desses nutrientes, visto que toda a planta é colhida.
Bem, agora que já sabemos para onde vão os nutrientes nas plantas, vamos visar a máxima eficiência produtiva?
Eficiência produtiva
Primeiramente, é importante que saibamos qual é a época que a planta mais demanda esses nutrientes e associar à atividade desses elementos no solo!
No milho, pode-se dizer que os nutrientes são absorvidos a todo momento. Porém, a intensidade de absorção é diferenciada em cada ciclo.
A primeira absorção intensa ocorre no desenvolvimento vegetativo em V4 a V12. A segunda ocorre durante a fase reprodutiva ou formação da espiga.
Conhecido como elemento de “arranque”, o potássio tem um padrão diferente de absorção quando comparado ao N e ao P.
A máxima absorção do K ocorre no período vegetativo, se acumulando muito entre os 30 a 40 dias de desenvolvimento.
No caso do nitrogênio e do fósforo, ocorrem dois picos de absorção: fase de desenvolvimento vegetativo e reprodutivo (formação de espiga).
Para garantir maior eficiência, a aplicação de N deve ser feita no plantio e na fase de desenvolvimento vegetativo. É importante também pensar na uniformidade de aplicação.
O não suprimento deste nutriente durante a fase inicial de desenvolvimento vegetativo, com aplicação de toda a dose no florescimento (65 DAP), assim como o excessivo número de aplicações parceladas, afetam negativamente a produção.
Conclusão
Os fertilizantes NPK vêm sendo a melhor ferramenta para aumentar a eficiência produtiva da lavoura, principalmente devido à praticidade.
Mas para ter um bom resultado é preciso conhecer os diferentes tipos e melhor momento para aplicação na cultura.
Neste artigo, explicamos tudo isso e outros pontos que facilitam o planejamento agrícola da sua fazenda.
Os resultados discutidos aqui evidenciam que, no manejo de fertilizantes, o conhecimento das demandas de nutrientes durante o ciclo da cultura contribuem para uma maior eficiência da adubação!
*Giuliana Rayane Barbosa Duarte é Agrônoma e Mestranda em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Atualmente também trabalho como Técnica em Agropecuária na UFLA.