*Por Ana Flávia Villa
A história da agricultura é marcada pela incessante busca por métodos mais eficazes de combate a pragas e doenças que afetam as plantações. Desde os primórdios, a pulverização terrestre foi a principal abordagem para proteger as culturas. No entanto, com o avanço tecnológico, surgiu uma alternativa revolucionária: a pulverização aérea de insumos biológicos agrícolas. Essa técnica tem se destacado como uma estratégia eficiente para otimizar a aplicação de defensivos e promover melhores resultados nas lavouras.
A aplicação aérea ganhou impulso com a introdução de aviões de pequeno porte, capazes de cobrir vastas extensões de terra em questão de horas. Esse avanço revolucionou a agricultura, possibilitando o tratamento de centenas de hectares em um curto espaço de tempo. Além disso, a tecnologia também abriu caminho para o uso de drones, que, embora comportem cargas menores, oferecem uma alternativa acessível e eficaz para muitos produtores.
Uma das maiores vantagens da pulverização aérea reside na sua aplicabilidade em áreas extensas, de difícil acesso ou topografia acidentada. Em situações nas quais a aplicação terrestre seria exaustiva e demorada, a pulverização aérea se destaca pela otimização do tempo e pela possibilidade de alcançar locais remotos. Além disso, a precisão da aplicação é aprimorada, resultando em um controle mais eficaz das pragas e doenças ao longo de seus ciclos de vida.
A tecnologia aérea também minimiza as perdas decorrentes do “amassamento” nas áreas cultivadas. Em casos em que o foco de infestação se inicia em pontos centrais da lavoura, a aplicação direcionada por drone pode ser realizada sem causar danos às áreas com sanidade. As pulverizações localizadas reduzem a exposição dos operadores, minimizam o desperdício e a entrada de produtos em área total e, com isso, se obtém significativa redução de custos.
No contexto de insumos biológicos, como biodefensivos microbiológicos e macrobiológicos, a pulverização aérea oferece vantagens significativas. A aplicação desses produtos demanda precisão e cuidado para garantir a sobrevivência dos organismos presentes na solução. A pulverização aérea se destaca por reduzir perdas, aumentar a assertividade e agilizar a disseminação desses organismos benéficos.
Entretanto, a implementação bem-sucedida da pulverização aérea de insumos biológicos requer atenção a alguns detalhes críticos. A preparação da calda é um fator crucial, exigindo a consideração da concentração e compatibilidade entre ativos químicos e biológicos. A qualidade da água utilizada também desempenha um papel essencial, afetando a compatibilidade e prevenindo obstruções nas pontas de pulverização. Estes fatores podem contribuir significativamente na eficiência da pulverização, uma vez que sistemas de agitação, por exemplo, podem ser um desafio na aplicação por drones.
As condições climáticas e o horário de aplicação são igualmente fundamentais para o sucesso da pulverização aérea. Evitar altas temperaturas, baixa umidade relativa e alto índice de vento são cruciais para reduzir perdas e garantir a eficácia dos insumos. Além disso, o uso de adjuvantes se torna indispensável para minimizar as perdas por deriva, padronizar as gotas formadas pelas pontas de pulverização, fazendo com que mais produto biologicamente ativo chegue até o alvo, além de criar um ambiente favorável à sobrevivência e desenvolvimento dos microrganismos.
Ferramentas como os adjuvantes agrícolas são classificados por funcionalidades. Na ausência de legislação específica, desde 2017 o Selo Adjuvantes IAC – emitido pelo Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de Campinas – atesta sobre o desempenho e a especificidade de cada produto. Dentro do portfólio Vittia, todos os adjuvantes contam com esta chancela. Alguns trazem como característica a ação umectante, que beneficia o uso de defensivos biológicos, uma vez que esse “filme líquido” criado na superfície foliar é capaz de aumentar a vida útil das gotas. Desta forma, os fungicidas, acaricidas e inseticidas tendem a ter maior desenvolvimento, principalmente em regiões onde as condições climáticas e horários de aplicação não são tão favoráveis.
Ano a ano, testemunhamos crescentes investimentos em pesquisa e desenvolvimento de soluções para aprimorar os cultivos, acompanhados pela expansão de uma vasta base de conhecimento. A aplicação aérea de insumos biológicos agrícolas emerge como mais uma estratégia nesta rota de inovação rumo a uma agricultura cada vez mais moderna, eficiente, produtiva e sustentável. Parte do desafio agora é traduzir todo esse conhecimento em ações no campo, com a máxima qualidade e precisão, unindo tecnologia e natureza em prol de colheitas abundantes e saudáveis.
*Ana Flávia Villa Engenheira Química, Coordenadora de Desenvolvimento de Mercado da Vittia
Fonte: Milena Oliveira