O território brasileiro abrange 851,04 milhões de hectares, sendo o 5º continente maior do mundo, com suas biodiversidades e diversos tipos de solos e climas que, entre outras exigências tecnológicas, permitem que os produtores rurais possam plantar e criar o ano inteiro, e mesmo no semiárido se houver a adoção de boas práticas de agricultura irrigada, em níveis de campo, e considerando um universo potencial de 5,076 milhões de estabelecimentos agropecuários, dos quais 607,5 mil em Minas Gerais.
A agricultura irrigada brasileira ocupa uma área de 8,2 milhões de hectares num potencial de até 60 milhões abrangendo os diversos processos de irrigação numa perspectiva de tempo, e com tecnologias poupadoras dos recursos hídricos, através da capacitação dos irrigantes! Portanto, são cenários produtivos que ofertam conjuntamente milhões de toneladas anuais de grãos, cereais, oleaginosas, frutas, hortaliças, proteínas nobres!
E mais, os cenários rurais demandam inovações tecnológicas geradas pela pesquisa, sendo consideráveis os conhecimentos científicos já embarcados na agropecuária, energia limpa, máquinas e equipamentos, armazenagens, e na gestão mais eficiente dos estabelecimentos agropecuários.
As malhas rodoviárias, ferroviárias e hidroviárias não apenas transportam centenas de insumos indispensáveis para o complexo universo rural brasileiro, como também movimentam os produtos agrossilvipastorís, através das logísticas reversas, para abastecer os centros urbanos, cumprir os compromissos de exportações e desenvolver a segurança alimentar.
Somam-se o trânsito de mercadorias, produtos e serviços por vias internas, e até chegar aos portos, que recebem anualmente milhões de toneladas de fertilizantes do exterior e desembarcando 45,2 milhões de toneladas em 2021 (85%)(Anda). Além disso, avançam as pesquisas sobre o pó de rocha (rochagem) e seus usos na agricultura. Somente em janeiro de 2023 foram importados 3,42 milhões de toneladas de fertilizantes.
Vale salientar, como logística marítima, entre outras, que o maior navio graneleiro do mundo é o chinês Lan Hua Hai, que pode transportar 1,5 milhão de sacas equivalentes de milho ou 90 mil toneladas de grãos (Google). No Brasil, estima-se que 65% de todas as cargas transportadas, incluindo grãos, são por rodovias, o que aumentam os custos operacionais, com perdas de até 13% nos grãos transportados. Contudo, o sistema ferroviário brasileiro soma 30 mil km, e recebe novos investimentos públicos (Pró Trilhos), que passa por Minas Gerais, e outros não governamentais, sendo que nos EUA atinge 293,5 mil km; China, 124 mil; Rússia, 87,1 mil; Canadá, 77,9 mil; Índia, 65 mil; e Austrália, 36,9 mil km (Google). O preço do frete rodoviário brasileiro aumentou 13% no primeiro trimestre de 2023 por km rodado (IFR), e pressionando os custos na movimentação de mercadorias!
Além disso, Minas Gerais tem 240,5 mil km de estradas vicinais rurais a exigirem vultuosos investimentos em conservação, e por onde transitam pessoas, mercadorias, insumos, inovações, produção agropecuária, caso contrário; muito barro nas chuvas e muita poeira na seca.
Existem bons exemplos de conservação, inclusive com a construção das bacias de capitação de chuvas. Pesquisas acadêmicas também mostram o crescimento do uso de motocicletas, entre os cenários rurais e as cidades de MG, principalmente no interior. A Embrapa fez 50 anos em abril/2023!
Noutro cenário, pressionando as logísticas do agronegócio do campo à mesa do consumidor, e com base na estimativa de 312,5 milhões toneladas grãos na safra 22/23 (Conab-7º Levantamento), por hipótese, e se houver um acréscimo mínimo de 12,5 milhões de toneladas de grãos anualmente, até 2030, poderiam ser colhidas 400 milhões de toneladas de grãos, em mais sete futuras safras no Brasil.
Comparando a safra 21/22 e 22/23, que deverá crescer 40 milhões de toneladas de grãos, antecipando as 400 milhões de toneladas/2030; como conciliar safras crescentes, armazéns, e outras logísticas estratégicas para o agro brasileiro?
Não há muito tempo a perder, contudo, dezenas de fatores poderiam afetar esses desempenhos, entre os quais recessão econômica mundial, inflação, competição por mercados, desemprego em massa, geopolíticas, guerras, eventuais problemas climáticos, custos crescentes na agropecuária e logísticas deficitárias. Entretanto, o agronegócio brasileiro representa um papel estratégico na economia, oferta de alimentos para os mercados interno e externo, emprego e renda, desde a década de 1970.
No acumulado de janeiro de 2020 a março de 2023, o superávit nas exportações do agro brasileiro foi de US$ 365,67 bilhões (Mapa). Salvo grave acidente de percurso, imprevisível, o Brasil está se capacitando, ainda mais, para superar desafios, demandas, e reunindo produtores rurais, mercados, pesquisadores, extensionistas, exportadores, investidores, agroindustriais, consumidores, concorrente externos, e ampliando o acesso às inovações, políticas agrícolas e boas práticas no campo.
Por: Benjamin Salles Duarte* / Engenheiro agrônomo