Substituição de insumos químicos por biológicos e demais técnicas voltadas para a regeneração e produtividade do solo ganham força nos mercados nacional e internacional, trazendo redução de custos em até 70% e benefícios ao meio ambiente
O uso de bioinsumos na agricultura cresceu nas principais plantações do país em 2022: cerca de 20% no cultivo da soja, 50% na cana e 25% no milho – revelam dados da SoluBio, empresa que atua na produção de insumos biológicos nas fazendas. Esse número confirma o potencial da alternativa que vem chamando atenção de produtores rurais e do poder público no Brasil e no mundo, além de consolidá-la como uma das principais apostas do agronegócio para 2023. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mais de 560 produtos biológicos estão registrados no país, sendo que mais da metade dos registros ocorreu apenas nos últimos três anos.
Para o CEO e cofundador da SoluBio, Maurício Schneider, o manejo biológico ocupa um espaço cada vez mais estratégico na economia, o que também auxilia no desenvolvimento da agricultura regenerativa. Assim, a SoluBio pretende crescer 150% neste ano. “Os bioinsumos não só diminuem o uso de defensivos químicos na agricultura, como também são peça chave para que a agricultura se torne mais resiliente às mudanças climáticas. Afinal, os bioinsumos também auxiliam na recuperação e preservação do solo e aumentam a produtividade agrícola por meio do uso de microrganismos, enzimas e outros recursos biológicos presentes na natureza”, detalha Schneider.
Durante a 27ª Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP27), realizada no Egito em novembro passado, representante do Mapa, Cleber Soares, afirmou que há uma estimativa de que 20% dos insumos químicos utilizados na agricultura passarão a ser substituídos pelos bioinsumos até 2025. Aliado a isso, de acordo com relatório recente do Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês), metade da área agrícola do planeta está esgotada, fazendo com que cerca de 400 bilhões de dólares sejam perdidos anualmente. No Brasil, estima-se que haja 22,1 milhões de hectares de áreas de pastagens severamente degradadas, conforme mapeamento realizado pela MapBiomas – rede colaborativa, formada por ONGs, universidades e startups de tecnologia, que produz levantamentos sobre cobertura e uso do solo.
Uma solução para esse problema seria a agricultura regenerativa. O uso de bioinsumos pode atuar como recursos para a recuperação de pastagens degradadas, evitando o desmatamento e garantindo o aumento da produção de alimentos e matéria-prima.
Além disso, aliar a produção com a regeneração do solo pode gerar 62 milhões de empregos e movimentar US$ 1,4 trilhão por ano até 2030, aponta o WEF. O manejo biológico dentro das próprias fazendas, isto é, onfarm, contribui ainda reduzindo em até 70% os custos para os produtores rurais. “Isso mostra que estamos em um caminho mais sustentável dentro da agricultura. Uma nova era em que o impacto socioambiental deve vir em primeiro lugar, tanto para garantir a segurança alimentar da população, quanto para preservar o ecossistema em que vivemos”, afirma Maurício Schneider.
Brasil na direção do futuro
Em dezembro, a Câmara dos Deputados deu mais um importante passo para a regulamentação no uso de bioinsumos. O Projeto de Lei n. 658, de 2021, de autoria do deputado Zé Vitor (PL/MG), que classifica e regulamenta o tratamento e a produção de bioinsumos por meio do manejo biológico nas fazendas onfarm, foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) na Câmara dos Deputados. Por ter caráter conclusivo, o texto segue para aprovação Senado, com grandes chances de ser sancionado em breve.
A SoluBio está de olho nessas movimentações e comemora os avanços que a produção e o uso dos bioinsumos têm ganhado. “A aprovação desse projeto vai permitir uma maior flexibilidade para a produção dos bioinsumos nas fazendas. Com a redução dos custos proporcionada pela técnica, a agricultura regenerativa também sai ganhando, pois se torna mais atrativa para os produtores rurais”, destaca Maurício Scheneider.
Além disso, o executivo afirma que a regulamentação pode tornar o Brasil uma referência no manejo biológico onfarm, visto que 30% dos bionsumos mais usados no país já são fabricados dentro das próprias fazendas, conforme dados do Mapa.
Fonte: Luana Lima