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Quanto mais as pessoas se opõem aos transgênicos, menos elas sabem sobre ciência, revela pesquisa

Estudo publicado recentemente pela revista científica Nature Human Behaviour revelou que à medida que aumenta a preocupação das pessoas com alimentos geneticamente modificados (GM), menor é o conhecimento delas sobre ciência e genética. Essa conclusão levou em consideração as respostas de mais de 2 mil adultos americanos e europeus, selecionados aleatoriamente, por cientistas das Universidades do Colorado, de Washington, de Toronto e da Pensilvânia.

O teste foi realizado com questões que deveriam ser respondidas com “verdadeiro” ou “falso”. Entre elas, estavam afirmações gerais sobre ciência, como “elétrons são menores que átomos”, e específicas a respeito de genética, a exemplo de “todas as plantas e animais possuem DNA”. Além disso, a pesquisa realizou um teste que avaliava o quão fortemente os respondentes se opunham aos OGM. A escala, de sete pontos, ia desde um simples desejo de regulá-los até a inclinação de se opor ativamente, participando de protestos ou doando para organizações contrárias aos transgênicos.

Como resultado, foi descoberto que fortes oponentes aos alimentos GM desconheciam importantes conceitos de ciência e genética, embora acreditassem ter bastante conhecimento sobre o assunto. Para Phil Fernbach, líder do estudo e professor de marketing da Leeds School of Business, da Universidade do Colorado, essa discrepância pode estar associada ao fato de que as pessoas não buscam informações sobre temas que acreditam dominar.

Adriana Brondani, doutora em Bioquímica e Biologia Molecular e diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), salienta que a população, em sua maior parte urbana, muitas vezes está afastada dos processos de produção de alimentos. “Por isso, talvez essas pessoas não associem a ciência ao desenvolvimento de plantas melhoradas geneticamente. Essa pesquisa nos mostra a importância da divulgação de informações sobre alimentos transgênicos, pois o desconhecimento favorece que a propagação de mitos e inverdades sobre eles”, aponta.

No Brasil, em 2016, foi realizada uma pesquisa semelhante à publicada na revista americana. Por aqui, ela foi conduzida pelo IBOPE CONECTA e revelou o que que o brasileiro não relaciona a produção de alimentos com a aplicação de conhecimento científico. Segundo dados deste levantamento, apesar de 79% dos entrevistados declararem ter interesse por ciência, apenas 23% dos respondentes acreditava que o conhecimento científico auxiliava na produção de alimentos. A amostragem foi de 2011 homens e mulheres a partir de 18 anos, das classes A B e C, de todas as regiões do País.

Especificamente sobre a percepção da transgenia, a grande maioria de respondentes (73%) afirmou já ter consumido transgênicos. Entre os 27% que não sabiam ou afirmaram que não ingeriram, 59% se mostraram abertos a experimentar. Nesse caso, quanto maior o conhecimento sobre ciência, maior era a receptividade aos OGM. Em linha com os estudos científicos, testes e análises de biossegurança, que garantem que os transgênicos são seguros para alimentação humana, animal e para o meio ambiente, apenas uma minoria acreditava que eles fazem mal (33%) ou causam reações alérgicas (29%). 

Sobre o CIB

O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), criado no Brasil em 2001, é uma organização não governamental, cuja missão é atuar na difusão de informações técnico-científicas sobre biotecnologia e suas aplicações.

Fonte: Edelman

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