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Planejamento forrageiro

Importante aliado para o manejo alimentar no período seco

Por Lucas Olmar Dall Onder*

O Brasil é um país de extensão territorial continental e apresenta vasta diversidade climática e biológica, o que torna o conhecimento de microrregião e fauna de inserção ser de suma importância para planejamento e execução de qualquer atividade – e a pecuária não é exceção. O rebanho bovino está distribuído de norte a sul do Brasil, porém a maior concentração está nas regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste, que, juntas, respondem aproximadamente por 75% de todo o gado nacional, segundo dados do IBGE (2020).

Uma das certezas que temos nessas três regiões onde a atividade pecuária está concentrada é que a produção das pastagens sofre grandes variações devido à estacionalidade climática. Mesmo assim, ano após ano, nós nos deparamos com fazendas que passam por apuros com a falta de pastagem para os animais, principalmente na estação seca do ano, época em que a produção de forragem cai drasticamente.

Compreender o efeito da estacionalidade é ponto-chave para o sucesso da atividade pecuária e o planejamento forrageiro é a ferramenta ideal para implementar as ações necessárias para romper os percalços impostos pela seca. O planejamento forrageiro nada mais é do a gestão da oferta e da demanda de forragem, estabelecida a partir de um inventário das áreas de pasto e de rebanho. Esse planejamento deve ser realizado mensalmente e evoluído anualmente para melhor compreensão das ações.

A fim de calcular a oferta ou a capacidade de lotação das pastagens, pode ser usado o histórico de lotação da fazenda (desde que esteja em condições favoráveis de produção) ou ter como ponto de partida o potencial produtivo das áreas de pasto, sendo que este último método demanda maior conhecimento técnico pois a magnitude da produção está relacionada a fatores climáticos, ao potencial produtivo da espécie, ao manejo do pastejo e às condições de fertilidade do solo. Uma vez calculado o potencial produtivo do pasto, basta multiplicar o potencial de determinado mês pelo total de área disponível do mesmo período, obtendo assim o total de oferta de matéria seca (MS). Já para calcular a demanda de forragem que será consumida, basta evoluir mensalmente o rebanho (quantidade de animais e peso), já prevendo as compras, vendas, nascimentos e mortes. Como exemplo de evolução de rebanho e áreas de pasto, temos o calendário produtivo.

Feito esses levantamentos, é hora de realizar o balanço mensal (fechar ciclos anuais para melhor compreensão dos desafios ao longo do ano) e ver a necessidade de ajuste do sistema, como no exemplo do gráfico de planejamento forrageiro. Assim é possível planejar a melhor oportunidade de compra e venda de animais, necessidade e/ou momento de adubação (para aumento da MS de forragem), resgates, desmames, descartes e suplementação visando substituição, e então iniciar o confinamento, quando aplicável. Fazer esse exercício nos dá uma visão mais ampla de todo o sistema produtivo, do planejamento necessário para a produção de alimentos, das metas essenciais para alcançar os objetivos e – o mais importante – o entendimento para saber lidar com a seca que é uma condição intrínseca do clima que sempre traz desdobramentos nas produções agrárias.

Nos meses de abril, maio, junho e julho há déficit de forragem, sendo que a demanda de MS é superior à sua oferta estimada das áreas de pasto para o sistema ilustrado no calendário produtivo. Assim, haverá a necessidade de ajustar, de alguma forma, o sistema por meio de uma das alternativas citadas acima ou do conjunto delas, como pode ser visto no calendário produtivo ajustado.

No exemplo do calendário produtivo ajustado, o sistema foi alterado no plano nutricional para elevação de GMD e houve antecipação da retirada dos animais, à medida que o peso objetivo para a entrada no confinamento é alcançado (400 kg), balanceando dessa forma a oferta e a demanda de MS.

O que cada fazenda vai adotar como estratégia para contornar os obstáculos impostos pela seca vai depender de habilidade, ferramentas e recursos materiais e financeiros disponíveis na hora do planejamento. No final, o que importa é que, a partir do momento em que passamos a compreender que o planejamento forrageiro é indispensável para que possamos ser eficientes no uso dos recursos produtivos, passamos a caminhar em direção a uma pecuária profissional, com grande potencial para ser uma atividade competitiva e lucrativa.

*Lucas Olmar Dall Onder é consultor técnico regional de Bovinos de Corte da Cargill Nutrição Animal.

Fonte: Cargill

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