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Híbrido de tomate grape é recordista em teor de licopeno

Os tomates do tipo cereja ou grape são reconhecidos pelos consumidores por causa da doçura de seus frutos pequenos e alongados, mas uma pesquisa da Embrapa Hortaliças desenvolveu um tomate híbrido que, além de muito doce, apresenta um diferencial benéfico para os consumidores indetectável pelo paladar: o teor de licopeno.

O tomate BRS Zamir integra uma nova geração de tomates híbridos enriquecidos com licopeno, uma substância antioxidante muito eficiente no combate aos radicais livres no organismo e um pigmento que confere a típica cor vermelha dos frutos do tomateiro. Enquanto outros híbridos comerciais do segmento grape no mercado brasileiro obtêm por volta de 40 a 90 microgramas por grama de fruto (µg/g), o teor de licopeno do tomate BRS Zamir pode alcançar até 144 µg/g.

“Cápsulas” naturais de licopeno

“Produtos derivados do tomate como sucos, geleias, molhos e extratos são a principal fonte de licopeno na dieta humana. O tomate BRS Zamir, recomendado para consumo fresco, ou seja, sem processamento, é recordista em acumulação de licopeno no mercado brasileiro. Do ponto de vista nutricional, os frutos do híbrido BRS Zamir funcionam como uma gostosa ‘cápsula’ de licopeno”, comenta o agrônomo Leonardo Boiteux, pesquisador responsável pelo programa de melhoramento genético do tomateiro da Embrapa.

Para os agricultores, a característica nutricional do tomate BRS Zamir, somada à qualidade sensorial (textura, sabor e cor) representa a possibilidade de agregar valor ao produto comercializado. “É como morder uma uva”, compara o produtor Fernando Silva, que produz tomate orgânico sob cultivo protegido. Boiteux explica que os frutos apresentam uma combinação bastante equilibrada entre os teores de açúcares e ácidos, o que resulta em um excelente impacto sensorial.

Na última safra, as vendas alcançaram 178.000 sementes (ou 162 estufas de 400m2), registra Luís Carlos Galhardo, diretor da empresa Agrocinco, que está licenciada para comercialização da cultivar. De acordo com ele, esse volume representa até 10% das vendas de sementes de tomate grape no Brasil, um segmento de mercado que é extremamente acirrado. Por ser um híbrido nacional, o custo das sementes é cerca de 30% menor em comparação com às importadas. “O tomate grape BRS Zamir promoveu a inserção estratégica e competitiva de um híbrido nacional em um segmento de tomate em que havia o predomínio de materiais genéticos importados”, avalia Galhardo.

Incremento genético aumenta a produtividade

Do ponto de vista agronômico, o tomate BRS Zamir possui uma vantagem genética que aumenta o número de frutos por penca. Pesquisadores da Embrapa Hortaliças e parceiros caracterizaram um gene (denominado bif) responsável por estimular o grau de bifurcação dos cachos do tomateiro, o que aumenta em até três vezes o número de flores e, por consequência, de frutos. “Nós observamos plantas que apresentavam essa característica de bifurcação e desenvolvemos um trabalho de seleção dos materiais genéticos para chegar ao híbrido BRS Zamir, que agrega maior produtividade em virtude da presença desse gene”, explica o pesquisador.

O trabalho de desenvolvimento do híbrido de tomate grape envolveu o cruzamento de linhagens com alta qualidade sensorial (licopeno e sabor) com linhagens que apresentavam cachos bifurcados por meio do melhoramento genético convencional. Por meio da lei de inovação, em parceria com a iniciativa privada, a cultivar foi avaliada em diferentes regiões produtoras nos estados de Goiás, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Além da produtividade superior em comparação aos outros híbridos do mesmo segmento, o tomate BRS Zamir também é amplamente adaptado às altas temperaturas encontradas nas regiões produtoras do País, alcançando perto de 100% de pegamento dos frutos.

O desenvolvimento de um produto nacional é importante porque o segmento de tomates do tipo grape tem baixa disponibilidade de materiais genéticos adaptados às condições ambientais do Brasil, o que deixa o agricultor com poucas opções de escolha. “No geral, a maioria das cultivares ofertadas no mercado nacional é estrangeira e as sementes são importadas por um preço muito elevado. A produção de sementes dessas variedades estrangeiras ocorre em condições de telado em regiões com clima mais ameno. Quando são cultivadas no Brasil em altas temperaturas, há aborto de flores e pegamento inadequado de frutos, o que diminui a produtividade”, esclarece Boiteux.

Cultura adequada à agricultura familiar

Nesse nicho de mercado, o número de frutos por penca interessa mais do que o tamanho ou calibre dos frutos produzidos. Por isso, o tomate grape é um produto que se encaixa muito bem no perfil do agricultor de base familiar que, mesmo em uma área pequena e com pouca estrutura, consegue produzir um material de elevado valor agregado. “O tomate BRS Zamir está aprovado. Mesmo no plantio orgânico, sem nenhum agrotóxico ou adubo químico, as pencas estão enormes, com vigor, e a sanidade está muito boa”, opina Silva.

A boa sanidade é outra vantagem competitiva do tomate BRS Zamir: ele apresenta tolerância elevada ao fungo oídio, uma doença foliar que atinge com severidade as plantações de tomate em cultivo protegido – principal sistema de produção adotado para plantio de tomates especiais como os do segmento grape. A cultivar tolera o ataque do fungo até o fim do ciclo de produção.

A cultivar BRS Zamir foi desenvolvida via contrato de parceria em pesquisa e desenvolvimento agropecuário entre a Embrapa Hortaliças e a empresa Agrocinco. O contrato é regido pelos termos da lei nº 10.973, de 02 de dezembro de 2004, e pelo decreto nº 5.563, de 11 de outubro de 2005, que dispõem sobre incentivos à inovação e garantem exclusividade de comercialização das sementes pela empresa parceira.

Paula Rodrigues (MTb 61.403/SP)
Embrapa Hortaliças

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