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Fatores de fertilidade do solo e adubação

Um solo fértil é capaz de produzir uma colheita de alta produtividade. Há muitos fatores que são necessários para se criar e manter um solo agrícola produtivo. Aqueles considerados essenciais, além dos fatores biológicos e geomorfológicos, podem ser agrupados nas seguintes categorias:

  • Propriedades físicas favoráveis
  • Propriedades químicas favoráveis

Em se tratando de propriedades físicas, um solo fértil deve ter um equilíbrio entre as partículas de areia, silte e argila, de modo que seja suficientemente poroso para reter uma adequada umidade para fornecimento de água para as plantas, mas também para possibilitar a permeabilidade do excesso de água, permitindo que o ar infiltre e flua no mesmo. Um solo produtivo requer uma zona de enraizamento favorável, devendo ser profundo o suficiente para uma boa penetração de raiz, porém, não deve ter elevada densidade, para que não impeça o crescimento e desenvolvimento das raízes. Para ser produtivo, o solo deve ter um adequado suprimento de água para o crescimento das plantas, mas não excessivo a ponto de saturá-lo, conduzindo ao acúmulo de compostos potencialmente tóxicos ou à ausência de oxigênio livre.

Já as propriedades químicas de um solo fértil devem ter quantidade suficiente de macro e micronutrientes essenciais, matéria orgânica, boa capacidade de troca de cátions, elevada saturação de bases e pH adequado. Um solo produtivo deve ter as características químicas necessárias para que os nutrientes fiquem disponíveis e sustentem o crescimento das plantas. Ter equilíbrio nutricional, e boa interação entre o solo e os nutrientes.

Solos férteis fornecem níveis ótimos de nutrientes disponíveis para o crescimento das plantas, deixando-as mais vigorosas e sadias, com maior resistência às doenças, insetos, competição com ervas daninhas, seca, frio e solos encharcados. Uma boa fertilidade do solo é fundamental para se ter um sistema agrícola, rentável e sustentável a longo prazo.

Como Produzir Solos Férteis?

Na maioria das regiões agrícolas do Brasil, as condições naturais dos solos requerem interferência agronômica para elevar os teores de nutrientes, eliminar a toxidez de alumínio e elevar o pH para alcançar alta fertilidade e, consequentemente, altas produtividades. No geral, o processo de incremento da fertilidade do solo inicia-se pela amostragem adequada da área, seguido pela calagem, gessagem, fosfatagem – se todas se fizerem necessárias – e adubação das culturas com níveis adequados de nutrientes. A calagem do solo e a adequada adubação promovem o crescimento de plantas mais vigorosas, mais resistentes e mais produtivas.

O processo de calagem deve ser realizado visando elevar o pH do solo, eliminar o alumínio contido no mesmo e corrigir a saturação de bases, permitindo maior retenção de nutrientes catiônicos, importantes para a nutrição das plantas. A calagem é feita a partir da recomendação baseada no resultado obtido na análise da terra. Geralmente, os solos calcariados possuem mais nutrientes disponíveis para as plantas do que aqueles não calcariados, conforme pode ser observado na tabela 1.

Os solos brasileiros têm, em sua maioria, baixa concentração de nutrientes, conforme o exemplo observado na tabela de Latossolo. Com a calagem e gessagem produzimos um ambiente mais fértil, livre de alumínio tóxico e com condições de receber e reter mais nutrientes.

Seguido da calagem, vem o aumento da fertilidade do solo por meio da aplicação de fertilizantes, que eleva os teores dos nutrientes faltantes no ambiente e nutri as plantas, de forma que estas ficam mais vigorosas, alcançando mais desenvolvimento e maior produtividade.

O uso de fertilizantes é responsável por mais de 60% do aumento da produtividade dos sistemas agrícolas tropicais. A agricultura moderna não seria possível, especialmente nas regiões tropicais, sem o uso de fertilizantes minerais, que trazem 10 dos 16 nutrientes essenciais. Na figura 1, é possível observar o efeito da falta de fertilizante fosfatado numa área de plantio de soja, no cerrado brasileiro. O fósforo, por exemplo, por ser um nutriente de baixa disponibilidade em terras tropicais e baixíssima mobilidade no solo. Se não estiver disponível junto ao sistema radicular das plantas, afetará muito o desenvolvimento das mesmas. Na foto, pode-se observar soja que recebeu fertilizante com desenvolvimento normal, e ao lado soja com crescimento reduzido pela falta de fertilizante no plantio.

Tão importantes quando o uso de calcário, gesso e fertilizantes, sao as demais condições do solo. O perfil de solo descompactado e livre de alumínio tóxico, o equilíbrio nutricional e equilíbrio biológico é que possibilitam o proximo passo na produtividade. Todos esses fatores não são alcançados num passe de mágica, de um ano para o outro. Eles requerem dedicação, avaliações constantes do sistema produtivo, investimentos significativos. Mas os resultados são muito compensadores, pois as condições naturais dos nossos solos são, no geral, bastante pobres quimicamente como o exemplo apresentado na Tabela 1.

A cada ano, o Brasil avança muito na produção e produtividade agrícola. Da mesma forma, avança o consumo de corretivos, fertilizantes e insumos biológicos, que, no País, tem apresentando índices de crescimento anual em torno de 5%, mostrando a forte influência do uso desse recurso para o aumento da produtividade agrícola.

Tabela 1. Teor médio de nutrientes em solos ácidos, em solos calcariados e um exemplo de Latossolo encontrado no Brasil. Adaptado de Vitti, G. C. e Domeniconi, C. F. Dinâmica de nutrientes no sistema solo-planta visando boas práticas para o uso eficiente de fertilizantes em Prochnow, Casarin, Stipp, 2010. Boas Práticas para o uso eficiente de fertilizantes.

Nutriente Composição da solução do solo (moles/L x 103)
Solos Ácidos1 Solos com calcário1 Latossolo (Brasil)2
Cálcio 3,4 14 0,019
Magnésio 1,9 7 0,012
Potássio 0,7 1 0,027
Sódio 1,0 29
Nitrogênio 12,1 13
Fósforo 0,007 0,03 0,0008
Enxofre 0,5 24

1Fried e Broeshart (1967); 2Fasbender (1975)

Figura 1. Influência da falta de fertilizante numa linha de plantio de soja no cerrado brasileiro.

*Silvano Abreu é Engenheiro Agrônomo, PhD em ciência do solo. Palestrante e consultor agronômico em solos e nutrição de plantas. Fone: (19) 99630-1974 – www.silvanoabreu.com

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