Adjuvantes agrícolas analisados no Centro de Engenharia e Automação (CEA), órgão do Instituto Agronômico de SP, poderão estampar na embalagem aval de qualidade, funcionalidade e de proficiência técnica nas aplicações a campo
Jundiaí (SP) – O Programa Adjuvantes da Pulverização dá mais um passo estratégico para assegurar a confiabilidade dos adjuvantes agrícolas comercializados no País. A partir desta semana, o programa passa a expedir um selo oficial para certificar a funcionalidade de produtos do gênero. A concessão do selo será de responsabilidade do Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, sediado em Jundiaí.
Resultante de uma parceria entre o CEA-IAC e o setor privado, o programa autorizará às empresas, cujos produtos receberem aprovação no laboratório do CEA, a estampar o novo selo nas embalagens e nos rótulos desses insumos.
Conforme o pesquisador científico Hamilton Ramos, coordenador do programa, adjuvantes são produtos adicionados à calda de defensivos agrícolas no momento da aplicação destes. “Adjuvantes auxiliam na eficácia da pulverização e do controle fitossanitário, por apresentar efeitos como espalhante, umectante ou penetrante, entre outros. Associar um adjuvante de funcionalidade imprecisa a um defensivo de boa qualidade põe em xeque o investimento na lavoura.”
De acordo com o pesquisador, adjuvantes agrícolas fabricados no Brasil não contam com registro no Ministério da Agricultura. “Tais produtos não estão submetidos às rígidas exigências que regulam o setor de defensivos agrícolas, daí a necessidade de o próprio mercado buscar soluções para comprovar a funcionalidade das marcas de adjuvantes vendidas no País”, salienta Ramos.
Segundo o pesquisador, o Centro de Engenharia do IAC-SP propõe há mais de 20 anos a classificação de adjuvantes por funcionalidade. Desde então, o órgão se dedica a estudos e pesquisas, em profundidade, em suporte à avaliações desses produtos.
“Defendemos que os critérios e métodos empregados na avaliação da funcionalidade de adjuvantes agrícolas sejam discutidos com fabricantes, pesquisadores e usuários dos produtos, no âmbito de câmaras técnicas como a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O objetivo comum, segundo entendemos, é desenvolver um conjunto de normas que respaldem um Sistema Oficial de Certificação, mas este processo leva tempo.”
“Foi em decorrência da urgência quanto a encontrar uma base técnica para orientar o agronegócio que o CEA optou por lançar um programa próprio, e voluntário, de certificação de adjuvantes”, continua Ramos. “Enquanto não houver regulamentação oficial para adjuvantes, tende a predominar o fator preço como âncora da compra desses produtos. Este comportamento pode ser prejudicial ao desempenho agronômico de cultivos, ao meio ambiente e à saúde do trabalhador rural, sobretudo frente à escolha por produtos de má qualidade.”
Ainda de acordo com o pesquisador, a criação do selo IAC de Funcionalidade para Adjuvantes quer seguir a mesma trilha do programa IAC-Quepia, este na área de equipamentos de proteção individual para a agricultura (EPI). Hamilton Ramos lembra que o “Quepia”, criado há quase 15 anos, igualmente resultante de parceria com o setor privado, reduziu de 80% para 20%, com base em normas da ISO internacional, o índice de reprovação de qualidade de EPI agrícolas fabricados no Brasil.
Fonte: bureau de ideias