Pesquisa diz que já na primeira safra em área de abertura é possível ter ganho em produção
Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Mato Grosso em Marcelândia, Norte de Mato Grosso mostra que solo corrigido traz como efeito na colheita até 11 sacas de soja a mais por hectare. O resultado obtido na primeira etapa do experimento mostra que isso foi possível de alcançar com uso de calcário na correção de lavouras, com incorporação de profundidade em áreas de abertura. A prática ainda aproveita a umidade do solo e gera resultados na primeira safra da oleaginosa.
A área estudada, após a incorporação de calcário em profundidade, registrou um salto de 57 sacas de soja por hectare, produtividade obtida com o manejo tradicional, para 67 a 68 sacas por hectare com doses suplementares de calcário incorporadas profundamente. Como um suplemento vitamínico no comparativo à saúde humana, a dose certa de calcário permite que plantas tenham ampliada a capacidade de absorver nutrientes presentes no solo, essenciais ao vigor e produção.
“A ciência ajuda a impulsionar o mundo e a humanidade. Damos nossa cota de contribuição, inclusive neste momento tão sensível a todos”, destaca o Professor Doutor Anderson Lange, responsável técnico pelo experimento.
Pesquisas desenvolvidas na região Sul do Brasil mostram que a aplicação de calcário na superfície tem efeitos também na camada de solo logo abaixo, a chamada subsuperfície do solo, porém, em baixa magnitude, conforme explica o professor. “Para os produtores que optam pelo sistema de plantio direto, a melhor oportunidade de correção de solo é o momento de implantação. Normalmente, o produtor que abre a área, cultiva no primeiro ano arroz e, posteriormente, corrige o solo para a soja. Assim fazendo, colhe-se o arroz em março/abril, deixa-se o solo em repouso para somente em agosto aplicar o calcário, em dose inadequada e com leve incorporação no solo”, alerta o pesquisador. Esta incorporação na época da seca é pouco efetiva e funcional.
Marcelândia fica a 712 quilômetros de Cuiabá, capital do Estado, é uma das mais novas fronteiras agrícolas. Na área selecionada a serviço da pesquisa científica, após a primeira colheita, foram aplicadas de 3 a 12 toneladas de calcário por hectare e o insumo foi incorporado profundamente ao solo argiloso, procedimento feito em abril de 2019, com o uso de máquinas e implementos agrícolas. Conforme explica Lange, o método busca formar o chamado perfil de solo e aproveitar a umidade da terra e as chuvas do mês (que no presente estudo foram de 50 mm na área experimental após a calagem).
Nessas condições de aplicação, o efeito é mais rápido devido à incorporação de calcário ao solo, o que não aconteceria na aplicação superficial. Tem-se então a elevação do V% (saturação de bases do solo), que passou de insatisfatórios 24% para a calagem tradicional para até 60%, caminhando lado a lado com a produtividade, percentuais comprovados nas análises de solo empreendidas na pesquisa. Com o experimento ainda na primeira safra de avaliação, as expectativas em relação aos próximos resultados são as melhores. A pesquisa desenvolvida pelo engenheiro agrônomo Anderson Lange, aos moldes de experimento pioneiro desenvolvido em Sinop, se estenderá pelos próximos dois ou três anos. “É a ciência a favor do melhor cultivo, aliando ganho, eficiência e cuidado com o solo”, destaca o pesquisador.
Fonte: Agrolink Por Eliza Maliszewiski/com inf da Assessoria de Imprensa
Crédito: Fausto Moreira