Conforme o IAC, a irrigação na cultura da cana pode ser utilizada com diferentes enfoques, são eles: a irrigação de salvamento, deficitária, complementar às chuvas e plena. A maior área irrigada de cana é para fins de irrigação de salvamento. Assim, trata-se de grandes áreas com aplicação de pequenas lâminas de irrigação. Isto representa um baixo consumo de água por unidade de área. Apesar de tratar-se de pequenas lâminas de irrigação estas são relevantes, pois aplicadas em épocas críticas para favorecer a rebrota da cana após o corte e com isto garantir o estabelecimento do canavial com boa população de plantas para o ciclo seguinte. No contexto da agricultura irrigada é relevante considerar que cerca de 90% da água consumida pelas plantas retorna para a atmosfera, de forma limpa, por vapor devido à transpiração das plantas.
A pesquisadora do IAC, Regina Célia de Matos Pires, destaca que entre as vantagens da irrigação para a canavicultura estão o aumento de produtividade e longevidade do canavial, segurança de produção relacionada ao déficit hídrico, possibilidade de melhoria dos atributos qualitativos e aplicação de vinhaça. “Além disso, o uso da irrigação com águas residuárias ou não favorecem o planejamento para plantio e colheita e também promovem a eficiência hídrica e melhor aproveitamento de nutrientes”, explica.
De acordo com a pesquisadora, o crescimento e a produção da cana são favorecidos por boa disponibilidade de radiação e temperatura, desde que com disponibilidade de água e de nutrientes no solo. Por isso, a irrigação contribui positivamente no fornecimento de água às plantas.
Para a implementação da irrigação, o produtor deve estar atento ao planejamento, que envolve a obtenção de outorga para uso da água, providências para disponibilização energética para o sistema de irrigação, análise técnica e financeira do projeto de irrigação associado à execução, programação da implantação, adequação de estruturas físicas e planejamento dos cenários futuros. “Para superar os desafios, o melhor é iniciar pelo planejamento para curto, médio e longo prazos”, orienta Regina.
Devem ser considerados também os aspectos do solo, incluindo a caracterização química e físico-hídrica do perfil. “Essa ação auxiliará na obtenção de sucesso pela aplicação da irrigação pois possibilita a realização de práticas prévias à implantação da cultura e da irrigação, evitando impedimentos físicos do solo, como a compactação; bem como restrições ao desenvolvimento radicular devido presença de alumínio no solo e promover o uso racional da água, deve ser considerado também o manejo da palhada e os atributos relacionados à microbiologia.
No Brasil houve um aumento de 32% na adoção por pivôs centrais desde 2006. Esses dados foram publicados pela Agência Nacional de Águas (ANA) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “O aumento no uso dos pivôs está associado às vantagens na adoção, em ganho de produtividade e longevidade da cultura, características do equipamento e viabilidade econômica e financeira alcançada”, diz a pesquisadora do IAC.
A estimativa da produção nacional de cana para 2019/2020 é de aproximadamente 615,98 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Dessa maneira, haverá uma redução de 0,7% em relação ao resultado da safra anterior. Regina acredita que a adoção da irrigação com manejo de água adequado associado ao manejo varietal e agrícola contribuirá para o aumento de produtividade, e, assim promover verticalização da produção.
“É importante ressaltar que a irrigação deve estar associada a um conjunto de práticas agronômicas adequadas, como manejo varietal, do solo e da palhada, correção de acidez do solo, plantio, nutrição, práticas fitossanitárias e controle do mato”, afirma a pesquisadora do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Atualmente, vários aspectos têm sido abordados em relação às pesquisas com enfoque em cana irrigada. Dentre eles, destacam-se a resposta varietal à irrigação de salvamento, deficitária, complementar às chuvas ou plena, a adoção de Mudas Pré-Brotadas, o manejo da água no plantio e na brotação, o consumo hídrico da cultura, as estratégias de manejo que contribuem para qualidade no estádio de maturação da cana. Ainda são objetos de estudos, a adubação e a fertirrigação adequadas para lavoura de cana irrigada, manejo para promoção de eficiência dos recursos hídricos, armazenamento de água no solo e crescimento radicular da cana. “O uso de vinhaça e água residuária, os estudos de demanda climática com vistas ao planejamento para as áreas irrigadas, o uso de irrigação deficitária e seus efeitos na irrigação da cana, os sistemas de manejo do solo para promover melhor aproveitamento da água também estão na programação científica envolvendo essa temática”, completa a pesquisadora do IAC.
Fonte: Agrolink Por Aline Merladete
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